PT: o jogo é duro. E baixo!

Rubens Nóbrega

Petistas que defendem a candidatura própria e os que defendem a própria candidatura a prefeito de João Pessoa estão jogando um jogo duro, pesado e, sobretudo, baixo.

Digo isso porque passei os dois últimos dias ouvindo relatos sobre compra de votos que os dois lados teriam patrocinado domingo último, mas somente ontem tive certeza de que algo assim realmente aconteceu.

Aconteceu porque um(a) militante petista confidenciou a alguém da minha mais absoluta confiança que tentaram suborná-lo(a). Ofereceram R$ 400 para ele ou ela não sair de casa no dia da votação.

Ela ou ele não aceitou, pelo visto, porque no meio da manhã seria visto(a) votando e no final da noite participando de carreata pela vitória dos defensores da candidatura própria.

Imaginem, então, o que pode acontecer ou não domingo que vem, quando ocorrerá um novo embate no PT pessoense, dessa vez para decidir quem deverá ser indicado candidato a prefeito.


‘Luiz Couto vem aí’

Conforme antecipei na coluna de ontem, Luciano Cartaxo não tinha nem tem 100% garantida a sua unção como candidato petista a prefeito da Capital. A previsão, fácil de fazer, confirmou-se nessa terça quando aliados do governador Ricardo Coutinho admitiram que para barrar a candidatura própria do deputado estadual Luciano Cartaxo o federal Luiz Couto deverá apresentar a sua própria candidatura.

Lucius Fabiani, secretário de Desenvolvimento Urbano da PMJP e figura de proa do PT, disse abertamente no indispensável Polêmica Paraíba (Paraíba FM) que Luiz Couto vem aí. Quase à mesma hora, no senadinho de um shopping do centro da cidade, o vereador Jorge Camilo informava que depois de amanhã, às 10h, os aliancistas anunciarão oficialmente que vão bater chapa com Luciano Cartaxo.

Mas não seria apenas para satisfazer o desejo ou o projeto de poder do governador. Camilo avisou que se é para o PT ter candidatura própria, então terá uma “pra valer, pra ganhar”. Nem precisa dizer que o vereador é um luizcoutista juramentado…

Candidato único de RC

Se a maioria dos delegados eleitos domingo passado optar por Luiz Couto no próximo domingo, abre-se a possibilidade de Ricardo, inclusive, rifar as candidaturas Plano B lançadas após a renúncia de Luciano Agra.

Além do mais, é inegável que Luiz Couto tem a densidade eleitoral que falta aos jornalistas Nonato Bandeira (PPS) e Estelizabel Bezerra (PSB), que cumprem bem o papel de reserva estratégica ou de contingência do ricardismo.

Assim, se o deputado entrar realmente no páreo, não se admirem se Ricardo obrigar o PSB ou o PPS a se contentar com a vice do PT, ou seja, vice de Luiz Couto, que tem crédito sobrando junto a Sua Majestade.
Crédito que acumula desde 2008, quando poderia ter sido vice-prefeito eleito, mas desistiu de lutar pelo posto após ser convencido pelo então prefeito que apoiaria a candidatura do padre-deputado a senador em 2010. Não deu, mas agora pode ser a hora perfeita para mandar – e cobrar – a fatura.

‘Tudo, menos Cartaxo’
De qualquer sorte, vem por aí a última e decisiva cartada do grupo aliancista para impedir a consagração de um candidato que buscam desqualificar a todo instante, acusando-o de estar nessa só para fazer o jogo de José Maranhão e de Cícero Lucena.

Alguns petistas ricardistas deixaram no ar, também ontem, que podem ‘detonar’ nos próximos dias um artefato de alto poder destrutivo contra o deputado estadual.

Por sua vez, Luciano Cartaxo, o acusado, afirma categoricamente que os ricardistas do PT têm um medo que se pelam de vê-lo disputando a Prefeitura com chances reais de vitória. Tanto que teriam usado e abusado das ‘máquina’ da Prefeitura da Capital e do Governo do Estado para tentar derrotá-lo.

Dissidência certa e aberta
Na troca de acusações e o que elas sugerem ou indicam claramente, dá para prever também, com facilidade ainda maior, que o vale-tudo continuará dentro do PT de João Pessoa até a eleição em outubro.

O lado que perder domingo abrirá automaticamente uma dissidência e fará campanha aberta para candidato de oposição (se for Luciano Cartaxo o derrotado) ou de situação (se o derrotado for Luiz Couto).

Só não pedirá votos para o candidato do próprio partido, porque o PT da Paraíba, particularmente o de João Pessoa, parece alimentar-se da própria divisão que o emperra, mas não a vida, o contracheque ou a conta bancária de certos petistas.