Nonato Guedes
O PSDB paraibano ensaia os preparativos para a realização da convenção estadual no próximo dia 11 de maio, em Campina Grande, quando o deputado federal Ruy Carneiro deverá se reconduzido ao comando da legenda que passou a dirigir em substituição ao senador Cícero Lucena. A partir de então tomarão corpo as definições sobre o papel dos tucanos na disputa de 2014, no que diz respeito ao lançamento ou não de candidatura própria ao governo do Estado. Pessoalmente, Ruy é favorável à tese, embora preconize que somente no próximo ano ela seja discutida profundamente. O senador Cássio Cunha Lima, entretanto, defende que seja formalizado apoio à reeleição do governador socialista Ricardo Coutinho, com a destinação de duas vagas (a de vice e a de senador) para os tucanos. Cássio é o nome preferido por Ruy para representar as cores do PSDB na disputa ao governo.
Carneiro argumenta que a atuação do partido como protagonista é fundamental para fortalecer candidaturas proporcionais, à Câmara Federal e Assembléia Legislativa, e adianta que há um sentimento de exortação constante a Cássio para que aceite concorrer novamente ao Palácio da Redenção. O senador Cícero, que teria dificuldades para concorrer à reeleição numa composição em apoio a Ricardo Coutinho, tem expectativa de que Cunha Lima reflita melhor e decida assumir o bastão. O martelo deverá ser batido tomando como base o resultado de pesquisa encomendada pelo PSDB para aferir tendências do eleitorado. No plano nacional, os tucanos parecem unidos em torno da pré-candidatura do senador mineiro Aécio Neves a presidente da República, encabeçando uma frente de oposição com outros partidos ainda não definidos. Aécio, aliás, deverá ser entronizado no comando nacional da sigla, para ter mais visibilidade nos espaços em rádio e televisão destinados ao PSDB dentro da legislação eleitoral. Ele sucederá ao deputado Sérgio Guerra, que, por sua vez, passará a presidir o diretório estadual tucano em Pernambuco.
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Ruy Carneiro quer promover um café da manhã, dia 10, com jornalistas, para uma prévia da divulgação da convenção em Campina no dia seguinte, devendo comparecerem os senadores Cássio Cunha Lima e Cícero Lucena. Uma semana depois, os tucanos paraibanos seguem para Brasília a fim de participar da sagração de Aécio como pré-candidato ao Palácio do Planalto. O evento deverá ser dominado por discursos de oposição à política econômica e social da presidente Dilma Rousseff, na linha que tem sido seguida até agora nas tribunas da Câmara e do Senado e em inserções no horário eleitoral gratuito. As principais lideranças nacionais do PSDB têm enfatizado, igualmente, nessas intervenções, a bandeira ética que, na sua opinião, foi abandonada pelo PT após o julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal com a condenação de cabeças coroadas petistas e insinuações de ligações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o escândalo.
Ao comentar os movimentos em prol do lançamento de candidaturas próprias a governos, em diferentes partidos, Ruy Carneiro salientou que se trata de uma estratégia legítima para fortalecimento das agremiações, mediante a conexão entre a disputa nacional e o pleito nos Estados. A estratégia consiste em dotar cada Estado de um palanque com postulante ao governo, garantindo o espaço para o candidato a presidente da República. Ao citar um exemplo de variações políticas durante disputas eleitorais, Carneiro lembrou que na campanha passada, em que José Serra disputou o Planalto, o PSDB paraibano fez uma aliança local com o PSB, que votava na então candidata Dilma Rousseff, do PT. Mas Cássio, como candidato a senador, montou um palanque para Serra quando ele veio pedir votos. O lançamento de candidatos a governador teria outra vantagem adicional, conforme ele: o número do candidato a presidente que será massificado na televisão é o mesmo nome do candidato a governador, se forem do mesmo partido, ocorrendo uma associação natural no imaginário do eleitorado. Mas ele prevê que 2014 é o período ideal para o aprofundamento das discussões nesse sentido.
