Joaquim Barbosa se reúne com PSB para acertar candidatura à Presidência
“Ele tem cabedal para acabar com o país dividido entre mortadela e coxinha”, afirma o líder do PSB na Câmara, deputado Júlio Delgado.
Integrantes do PSB entusiastas da candidatura de Joaquim Barbosa à Presidência da República iniciam nesta quinta-feira (19) uma peregrinação entre os demais caciques da legenda para pacificar as resistências em relação ao ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).
O primeiro passo é uma reunião da cúpula do partido, na qual será discutida uma estratégia da campanha e condutas prioritárias tanto para o jurista quanto para a sigla. “É um contato para pessoas do partido para sentirem dele a disposição [de disputar as eleições], ele colocar o que defende”, afirmou ao HuffPost Brasil o líder do PSB na Câmara, deputado Júlio Delgado (MG).
Além das lideranças da Câmara e do Senado e do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, foram chamados para o encontro o vice-presidente da sigla, Beto Albuquerque, o secretário-geral da legenda, Renato Casagrande e os 5 governadores: Paulo Câmara (Pernambuco), Márcio França (São Paulo), Rodrigo Rollemberg (Distrito Federal), Daniel Pereira (Rondônia) e Ricardo Coutinho (Paraíba).
Apoiadores do ex-ministro se esforçaram para minimizar divergências internas antes do lançamento da candidatura. Na avaliação de Delgado, a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ajudou a diminuir a resistência em Pernambuco, estado de Eduardo Campos, presidenciável do PSB em 2014 morto em um acidente durante a campanha.
Havia uma articulação local entre socialistas com o PT. Na disputa pela reeleição, Paulo Câmara poderia apoiar Lula em troca da desistência da candidatura de Marília Arraes ao governo pernambucano. A petista é prima de Eduardo Campos e rompeu com o PSB em 2014.
Apesar de o PT insistir que Lula será candidato, há expectativas de que a candidatura seja barrada pela Justiça Eleitoral. Condenado em 2ª instância, o ex-presidente se enquadra na Lei da Ficha Limpa.
Aliados do ex-ministro também minimizam a resistência em São Paulo. Vice no governo de Geraldo Alckmin (PSDB), Márcio França chegou a propor uma chapa com Alckmin e Barbosa. “Decidir se vai ser candidato a presidente ou vice-candidato a presidente é uma coisa que a gente vai fazer mais à frente, de acordo com o andar da carruagem”, afirmou, após evento no Ministério Público de São Paulo na última segunda-feira (16).
No mesmo dia, o socialista afirmou, em entrevista à Rádio Bandeirantes, que pretende convencer o partido da união até as convenções de julho.
Também se cogita uma aliança com Marina Silva, pré-candidata da Rede ao Planalto. Carlos Siqueira, contudo, afirmou nesta quarta que ela deve continuar como candidata. Vice de Campos em 2014, ela disputou a corrida presidencial pelo PSB após a morte do socialista.
“A candidatura do ministro Joaquim Barbosa está sendo construída tijolo a tijolo”, afirmou Siqueira a jornalistas nesta quarta-feira (18), no lançamento do Manifesto pela Democracia, iniciativa com legendas progressistas. De acordo com ele, o jurista pode “oxigenar a política brasileira, que tanto precisa de renovação”.
Siqueira evitou falar de um prazo para o lançamento da pré-candidatura. “Não costumamos dar prazos a nós mesmos. Vamos tratando até que a consolidação se efetive e aí anunciaremos”, respondeu.
A expectativa, segundo o Estadão, é que a candidatura seja anunciada em 15 de maio. A partir dessa data os partidos podem iniciar a arrecadação de recursos para campanhas por meio de de financiamento coletivo (crowdfunding). Os valores, com limite de R$ 700 milhões, só serão liberados pela Justiça Eleitoral se o registro de candidatura for validado. Caso contrário, o dinheiro deve ser devolvido.
Barbosa une votos de Lula a Bolsonaro
A expectativa dos entusiastas da candidatura de Barbosa é que ele seja uma alternativa à polarização política e consiga votos desde eleitores de Lula a de Jair Bolsonaro (PSL). “Ele tem cabedal para acabar com o País dividido entre mortadela e coxinha”, afirmou Delgado.
De acordo com pesquisa da Ideia Big Data publicada pelo Valor Econômico, eleitores das classes C, D e E enxergam no ex-ministro atributos tanto de Lula quanto do juiz Sergio Moro, responsável pela condenação do petista.
Segundo o estudo, “o maior patrimônio” de Barbosa é ser associado a valores como justiça, honestidade e coragem, que aparecem ligados a Moro. O jurista “também é percebido como um batalhador, um vencedor”, assim como Lula.
Na época do julgamento do mensalão, rosto do então ministro do STF Joaquim Barbosa chegou a estampar máscaras de carnaval.
Nascido em Paracatu (MG), Barbosa é o mais velho de 8 irmãos filhos de um pedreiro e de uma dona de casa. Na infância, ajudava o pai fazendo tijolos e entregando lenha em um caminhão da família. O magistrado foi indicado para o STF em 2003 por Lula.
Ganhou notoriedade como relator no julgamento do mensalão, em 2012. Na época, foi visto como algoz do PT. Foi nesse ano que ele assumiu também a presidência da corte, posto que deixou em 2014, ao aposentar-se voluntariamente antes do término do mandato.
O avanço nas conversas sobre a candidatura ganhou impulso após divulgação da pesquisa Datafolha no fim de semana. De acordo com a sondagem, Barbosa tem entre 9% e 10% das intenções de voto e aparece entre os 4 primeiros colocados.
A prioridade da campanha deve ser o compromisso social e econômico. Entre os temas que serão discutidos, está a reforma tributária. Parte do PSB defende o imposto único, mas é preciso chegar a um consenso com o presidenciável.
Fonte: Huffpost Brasil
Créditos: HuffPost Brasil