Promessas ao vento 2

Rubens Nóbrega

Policiais civis denunciam que o Ricardus I mandou descontar faltas no salário miserável que o Estado lhes porque resolveram transformar em greve um movimento intitulado ‘Cumpra-se a lei’. Pelo título e jeito, a única coisa que querem do governador é que ele respeite a lei.

Respeitar a lei, nesse caso, significa dar salário digno e condições de trabalho humanas à categoria, começando pela seleção e nomeação de mais gente para trabalhar em defesa da sociedade, de modo a eliminar os plantões em excesso que muitos fazem para pode sustentar a família.

Respeitar a lei significa também comprar e fornecer aos agentes coletes a prova de bala, algemas e armamento adequado com munição suficiente, além de cursos de aperfeiçoamento, incluindo o de direção de viaturas em situação de risco, algo que nenhum deles tem.

Mas Sua Majestade e seus auxiliares diretos que cuidam (?) da segurança pública fazem ouvidos moucos a essas reivindicações e ainda cometem atos de opressão e perseguição explícitas contra os policiais, contribuindo para piorar um serviço público que já é muito ruim.

Apesar de tudo isso, se perguntarem ao soberano porque trata assim os servidores públicos em geral, policiais em particular, ele deve repetir que não governa para o funcionalismo, mas para prover as carências e necessidades de 3,5 milhões que vivem na Paraíba.

No seu discurso escapista, o monarca não se dá conta de uma coisa: sem respeitar a lei, as decisões judiciais, os outros poderes e, sobretudo, os direitos dos servidores, jamais proporcionará serviços públicos essenciais de qualidade aos 3,5 milhões de paraibanos.
Lembro ainda que o discurso de agora é diametralmente oposto ao que falava e defendia Ricardo Coutinho quando era vereador e deputado estadual. Quem duvidar é só procurar e conferir nos arquivos da imprensa, da Câmara da Capital e da Assembléia Legislativa do Estado.

Pra vocês terem mais uma idéia e prova do quanto o homem mudou de fala e comportamento, ofereço hoje aos leitores deste espaço a transcrição de programa eleitoral do então candidato do PSB ao governo do Estado nas eleições de 2010.

Vejam a seguir o que dizia e prometia o ‘socialista’ sobre segurança pública.

Assim falou Ricardo Coutinho

O texto reproduzido adiante o candidato a governador Ricardo Coutinho leu para os eleitores no programa dedicado ao tema ‘Segurança’ que o PSB levou ao ar em seu guia eleitoral de televisão no dia 23 de agosto de 2010.

Vou dar uma resumida para não ficar enfadonho e ainda mais constrangedor para quem acreditou que o candidato dito socialista falava sério e seria mesmo capaz de dar aos paraibanos uma Nova Paraíba.
Polícia sem balas, viaturas quebradas, delegacias sem delegados. Não é à toa que os índices de criminalidade da Paraíba só crescem. O descaso é total. É preciso ter pulso firme.
(Na sequência, fala de ações governamentais no Rio Grande do Norte e em Pernambuco que conseguiram reduzir os índices de criminalidade de lá e diz que os bandidos vinham para a Paraíba porque aqui a segurança pública não existe).

Hoje a Paraíba precisa de no mínimo 5 mil novos policiais. Vou contratar imediatamente os concursados e fazer novos concursos. Vou mapear as áreas de ocorrências e instalar câmeras para ficar 24 horas protegendo a sociedade (…) Assim, daremos o grande salto da segurança que a Paraíba tanto precisa.
Dois dias depois daquela aparição no Guia Eleitoral, o Doutor Ricardo participou de um debate transmitido pela Internet. Nesse evento, além das habituais cacetadas na incompetência do governo de então para conter a escalada violência, o candidato fez as seguintes promessas:

• Eu quero não só pagar melhores salários para exigir mais (…) Eu acho que nós precisamos combinar salários melhores, estratégias maiores e melhores de formatação dessas políticas públicas e, ao mesmo tempo, garantir um choque de tranquilidade. Não tem pra onde, tem que fazer isso. E eu vou fazer isso.

• Sendo governador, chamo pra mim a responsabilidade. Eu não vou me esconder atrás de secretário, disso ou daquilo não. A responsabilidade é minha, enquanto governante.

• Sendo governador, em seis meses, esses índices alarmantes e impressionantes de assaltos a bancos, assaltos a ônibus, homicídios, ou seja, isso vai ter que baixar e vai baixar. Eu vou conduzir isso pessoalmente, junto com o secretário, mas eu quero estar à frente disso, para poder resgatar e devolver à população a tranquilidade necessária. Do jeito que tá ninguém mais agüenta, amigo.
Vossa Majestade tinha e tem toda a razão do mundo: “Do jeito que tá ninguém mais agüenta, amigo”.