O professor de direito Thomas Bustamante, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), reagiu com bom humor à gafe cometida pelo advogado José Eduardo Cardozo, responsável pela defesa da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), em audiência para ouvir testemunhas no processo de impeachment. Em nota, Bustamante – que fez parecer defendendo a inclusão do presidente interino Michel Temer no impedimento da petista a pedido do deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) – disse que foi uma “grande honra” ver seu nome citado ao lado dos maiores juristas do país, lamentando apenas a zombaria, que lotaram a sua caixa de mensagem.
Na sessão de anteontem da comissão de impeachment, Cardozo fez uma exposição sobre renomados juristas contrários ao processo envolvendo Dilma. No entanto, ao citar o nome de Thomas Bustamante incluiu também o sobrenome “Turbando”, que terminou gerando uma cacofonia: “Thomas Turbando”. Não se sabe quem plantou o cacófato mal-intencionado na lista lida pelo advogado – ex-ministro da Justiça e da Controladoria Geral da União (CGU) do segundo governo Dilma – que provavelmente se referia ao jurista mineiro. O nome de Bustamante foi incluído entre outros 13 nomes de destaque no meio jurídico.
“É quase como uma convocação para a seleção brasileira na época em que tínhamos uma (ou seja, no período que se encerrou em dezembro de 2013)”, disse o professor de direito. E completou: “Eu até tentei não falar nada sobre a citação do meu nome na defesa da presidenta da República, mas me lembrou alguns dos ‘carinhosos’ apelidos que a gente recebe na adolescência. Eu tenho recebido tantas mensagens inbox que é melhor fazer um pronunciamento público e oficial. Dentre esses apelidos, ‘Thomás-Turbando’ era, acreditem, um dos mais civilizados. De repente, ver isso num pronunciamento oficial, que foi parar nos anais do Senado Federal, só pode me fazer rir muito.”
Trecho O sr. presidente (Raimundo Lira – PMDB-PB): Terminou o tempo de V.Sª. Não havendo resposta a ser dada aqui por parte da testemunha, passo a palavra, por seis minutos, ao advogado de Defesa, José Eduardo Cardozo.
O sr. José Eduardo Cardozo: Eu agradeço, presidente, e reitero que há interpretações respeitáveis dos dois lados, e também não gosto do argumento de autoridade. Mas seguramente, a acusação leu os autos. E temos pareceres nesses autos dos seguintes juristas: Juarez Tavares, um dos maiores penalistas brasileiros, como não desconhece a sr.ª Janaina Paschoal, o dr. Geraldo Prado, Marcelo Cattoni, Gilberto Bercovici, Misabel Derzi, André Ramos Tavares, Celso Antônio Bandeira de Mello, Dalmo Dallari, Marcelo Neves, Francisco Cavalcanti, Thomás Turbando Bustamante, Ricardo Lodi Ribeiro, Pedro Serrano e Rosa Cardoso. Todos esses são pareceres, obras acadêmicas sustentando a tese da defesa que estão nos autos e que, seguramente, a acusadora conhece”.
Fonte: Estado de Minas