O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, fez duras críticas nesta terça-feira (9) à gestão da Petrobras e sugeriu a substituição de toda a diretoria da estatal.
As declarações foram dadas na abertura da Conferência Internacional de Combate à Corrupção, que acontece em Brasília.
Na opinião de Janot, a corrupção no país chegou a níveis alarmantes, e é preciso que corruptos e corruptores sejam presos e que os valores desviados sejam devolvidos aos cofres públicos.
“Diante de um cenário tão desastroso na gestão da companhia, o que a sociedade brasileira espera é a mais completa e profunda apuração dos ilícitos perpetrados, com a punição de todos, todos os envolvidos”, disse o procurador-geral.
“Esperam-se as reformulações cabíveis, inclusive, sem expiar ou imputar previamente culpa, a eventual substituição de sua diretoria”, prosseguiu.
Janot afirmou que o Ministério Público irá trabalhar para punir todos os envolvidos no esquema de desvios da Petrobras, levando-os à Justiça dentro e fora do país.
ACORDO
O procurador-geral vem sofrendo pressões de empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato, que investiga esquema de pagamento de propinas na Petrobras, para fechar acordos que abrandariam as penas das empresas.
Segundo Janot, advogados das firmas o procuraram recentemente. A intenção das empreiteiras era fazer um acordo em que seriam punidas, obrigadas a pagar multas, limitadas por algum período de participar de determinadas licitações e de doar recursos a partidos políticos.
O procurador frisou que são os representantes da força-tarefa (Polícia Federal e Ministério Público Federal) no Paraná que devem analisar um possível acordo, mas opinou que somente com os diretores e outros envolvidos das empresas assumindo culpa seria possível pensar num acordo de delação.
No último final de semana, a revista “IstoÉ” publicou reportagem na qual relata que, em reuniões realizadas por Janot com advogados das empreiteiras, vem-se tentando costurar um acordo que, segundo a publicação, impediria que as investigações atinjam a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula.
Ainda segundo a “IstoÉ”, o procurador não tem a intenção de atrapalhar as investigações, mas a proteção aos petistas seria um “efeito colateral” decorrente dos termos do acordo que o Ministério Público Federal tem oferecido às empreiteiras, que impediriam uma apuração minuciosa da possível participação do Palácio do Planalto no esquema.
No sábado (6), Janot divulgou nota oficial e um comunicado interno aos membros do Ministério Público Federal dizendo que ele não permitirá que “prosperem tentativas de desacreditar as investigações e os membros da instituição”.
“Jamais aceitarei qualquer acordo que implique exclusão de condutas criminosas ou impunidade de qualquer delinquente”, escreveu.
Jornal Do Comércio