Privilégio: Eu vi o Maior de Todos ( Parte IV )

Bruno Filho

Continuo com meus comentários e mais uma vez minha geração foi a escolhida para ver o maior de todos os tempos dentro das piscinas. Muitos jovens vão dizer…mas eu vi também pensando que me refiro a Phelps. Nada disso. O maior de todos foi Mark Spitz, americano filho de judeus que nasceu na Califórnia.

Foi superado por Michel recentemente em número de medalhas, mas nunca houve ninguém parecido com Spitz. Ganhou 11 medalhas olímpicas em duas disputas, e com um pequeno detalhe, encerrou a sua carreira aos 22 anos de idade, portanto teria pela frente pelo menos mais 3 Jogos e então seria imbatível.

Outro fato importante demais: não havia na época os materiais que existem hoje em dia, nem nas vestimentas e nem na preparação física. Era no braço mesmo. Com uma altura apenas mediana para os gigantes de hoje em dia, Mark não passava muito de 1,80 e sua envergadura era relativamente pequena.

Era tudo técnica. O ano 1972. Auge da Guerra Fria e as cameras voltadas para Munique, a reconstruída cidade alemã que ainda vivia os pesadelos da segunda guerra mundial e disputava fronteiras com a extinta Alemanha Oriental dominada pelo comunismo.

Por ser judeu de origem todo cuidado era pouco com o astro americano e também com toda a delegação, mas mesmo assim a Vila sofreu um atentado terrorista e muitos atletas foram mortos mesmo com a pronta intervenção policial alemã. Foi o “Setembro Negro” que aterrorizou o esporte.

Nós aqui no Brasil,acompanhavamos todos os acontecimentos num misto de curiosidade e dor, já que as imagens chegavam apenas horas depois e ainda em preto e branco. Lembro-me muito bem daquela radiofoto, a mais famosa de todas, divulgada pelo mundo inteiro de um terrorista encapuzado com um fuzil as costas.

Medos a parte e voltando a vida esportiva, Spitz foi fenomenal, tanto que esperamos longos 36 anos para que suas façanhas fossem superadas. Mark Spitz foi o Pelé da natação, para mim absolutamente insuperável. Hoje quando os jovens se impressionam com “robôs” travestidos de atletas eu dou risada…

Não sabem o que é bom. Impressionam-se com índices e marcas conquistadas a base de muita tecnologia. No passado era na raça mesmo. Braço forte e agilidade nas águas. Mas… respeito. Não quero passar o recibo de museu de forma nenhuma, contudo para me convencer tem que ser bom demais. Não me contento com pouco.

Essa é a ventagem dos cinquentões ou quase sessentões, vivenciaram as mudanças. Uma coisa é nascer junto, outra coisa é mudar o mundo…e falo apenas de esporte por enquanto, quando escrever sobre outras áreas certamente serei reconhecido por muitos mas odiado por outros tantos…

Bruno Filho, jornalista e radialista, gosto do que é bom e não apenas de números e estatísticas.

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