Privilégio: Eu vi o Maior de Todos ( Parte II )

Bruno Filho

Continuando na série de crônicas sobre a geração privilegiada que viu e viveu as melhores façanhas em vários setores, chego aos times de futebol e sem dúvida não posso deixar de considerar que aquele que merece este título citado no título foi o Santos FC da década de 60, logicamente comandado por Pelé, o maior atleta do século.

Não foi só ele o responsável. O time da Vila Belmiro tinha nomes em seu elenco que eram e seriam até hoje titulares em qualquer equipe de futebol do mundo. Começando pelo goleiro bi-campeão mundial Gilmar, passando pelo capitão Carlos Alberto, o dono do meio-campo Zito, o parceiro ideal do Rei que foi Coutinho e o insuperável Pepe.

Esta equipe chegou a jogar mais de 100 partidas num só ano por todo o planeta desbravando locais até então nunca imaginados no roteiro da bola. Eram jogos na América do Sul, América Central, Europa e nos longínquos gramados e as vezes terrões da Africa e da Asia. Jogava o campeonato regional no domingo e na segunda-feira por exemplo já estava na Zâmbia.

Foi bi-campeão do mundo entre clubes enfrentando adversários como o Benfica de Eusébio e o Milan de Amarildo e com um “pé-nas-costas”, sem importar o local ou a qualidade do adversário. Simplesmente jogava, ganhava e não tinha conversa. Com aquele uniforme todo branco várias lendas do futebol. Um pouco mais à frente Clodoaldo, Ramos Delgado e Edú.

Em certos momentos o time de Vila Belmiro chegou a ceder 8 jogadores para a Seleção Brasileira e ao lado do Botafogo foi o maior celeiro de craques que vestiram a camisa amarelinha. Vamos montar um time da época só com jogadores dos dois: Gilmar, Carlos Alberto, Brito, Mauro e Nilton Santos, Clodoaldo, Gerson e no ataque “apenas” Garrincha, Coutinho, Pelé e Pepe.

Ficou muita gente de fora como Zagallo, nosso multi-facetário esportista. Enfim, esta honra eu tive de vê-los em campo e tenho uma triste lembrança de quando isso começou, exatamente no dia 06 de dezembro de 1964 e eu do alto de meus 7 anos de idade recordo do Pacaembú lotado com mais de 54 mil pagantes e minha família em peso.

Resultado Santos 7 x 4 e o Corinthians massacrado. Começou ganhando com um gol do horrível Ferreirinha, depois levou a virada com 4 gols de Pelé e 3 de Coutinho, os dois só não fizeram “chover” no gramado e ali eu assisti um espetaculo que nunca mais esqueci. Só não virei santista porque a pressão familiar era muito grande sobre a minha pessoa.

Usei este exemplo, mas outros me chamaram a atençao também. Neste mesmo Pacaembú vi Pelé dar um drible em toda a defesa corintiana , de corpo apenas, sem tocar na bola, e o Estádio levantou-se e aplaudiu o homem de pé. Armando Marques que era o árbitro teve que parar o jogo por 2 minutos para que o Rei fosse reverenciado por todos incluindo os alvi-negros do Parque São Jorge.

Nunca mais vou ver nada parecido, e justifico assim que vi o melhor de todos. Sempre escrevo o mesmo, aqueles que não viram e não acreditam que recorram aos canais de comunicação que existem disponíveis nas redes de computador. Vão constatar que não há exagero, absolutamente nenhum. O melhor time de futebol de todos os tempos habitou a Vila Belmiro.

Bruno Filho, jornalista e radialista, saudoso do que assistiu na vida esportiva.

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