Dois médicos do Colorado, nos EUA, recentemente alegaram que em 2015, trataram o caso de uma criança de apenas 11 meses, que teve um ataque cardíaco relacionado a uma overdose de maconha.
Os médicos afirmaram que, porque o menino tinha uma concentração de THC a um nível proibido até mesmo para adultos, não há outras teorias que possam explicar o ataque. Se a conclusão for confirmada, embora não haja outros casos semelhantes para apoiar o fenômeno, poderá interromper o diálogo no país sobre a droga, de acordo com informações do Daily Mail.
A criança em questão foi levada ao Rocky Mountain Poison and Drug Center, onde os médicos Dr. Thomas Knappe e Dr. Christopher Hoyte não encontraram nada para explicar a inflamação de seu coração, além dos níveis altíssimos de THC – componente psicoativo da maconha. O caso, que foi publicado em uma revista em agosto deste ano, reacendeu debates sobre os riscos da maconha e a legitimidade das reivindicações dos médicos de que ela é segura para tratamento de doenças.
De acordo com o estudo de caso, o menino vivia em uma situação “instável” em um hotel, embora estivesse saudável e bem alimentado. No entanto, na manhã de sua morte, sofreu uma convulsão, até que se recuperou, vomitou, e eventualmente, perdeu a consciência. Quando foi levada ao hospital, a criança não respondeu ao tratamento, entrou em coma e depois sofreu um ataque cardíaco. Apesar de uma hora de tentativa dos médicos para revivê-la, ela morreu no hospital.
Foi realizada então uma autópsia, a qual não revelou sinais de infecção e nada de incomum para explicar a inflamação no coração. No entanto, um exame de sangue revelou que o bebê tinha 7,8 nanogramas/ml de THC em seu sangue. THC é responsável por causar a sensação de torpor na maconha, e muitas vezes é excluído da versão medicinal da droga, que usa o canabidiol (CBD) para relaxar os músculos sem os efeitos psicoativos.
Os médicos ainda não conseguiram determinar como o menino foi exposto à grande quantidade do químico psicoativo. De acordo como relatório, os pais não tinham certeza de como a criança teve contato com a maconha, apesar de terem admitido possuir diferentes drogas em casa.
Há muito tempo que tem sido debatida a questão da overdose de maconha, com casos documentados e reconhecidos pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC). Agora, se as conclusões dos médicos forem confirmadas, a morte súbita da criança poderá lançar novos desafios à legalização da maconha e aos esforços de pesquisa.
A maconha foi legalizada no estado do Colorado em 2012. Um estudo publicado na famosa JAMA informou que casos envolvendo maconha e crianças com menos de 10 anos aumentaram em 34% no estado entre 2009 e 2015. Embora ninguém ainda tenha sido capaz de provar que a maconha, de fato, foi a causa de uma das mortes, um corpo robusto de pesquisa documentou os benefícios terapêuticos do medicamento anteriormente discriminado para pacientes com câncer, ou como analgésico alternativo aos opioides.
Fonte: Jornal Ciências
Créditos: Jornal Ciências