A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta terça-feira uma operação para afastar os prefeitos de três cidades baianas por fraude em licitações no estado. Os prefeitos de Porto Seguro, Eunápolis e Santa Cruz Cabrália, segundo as investigações, se revezavam em uma “ciranda da propina”. A PF chegou a pedir a prisão do trio, negada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), que determinou apenas o afastamento dos políticos das funções nos municípios. Na ação desta terça, os agentes cumprem mandados de prisão, busca e apreensão e condução coercitiva.
Em 2009, um vídeo obtido pelo GLOBO mostrava Claudia, então candidata à Prefeitura de Porto Seguro e deputada estadual, e Robério Oliveira, então prefeito de Eunápolis, em conversa descontraída, na qual ela debochava de desvios do dinheiro público. Líder das pesquisas à época, ela foi a um programa de televisão e chorou ao alegar que se tratava de uma montagem. Uma decisão judicial ordenou a retirada do vídeo do ar na época. O então vice-governador e presidente do PSD, Otto Alencar ressaltou que era uma brincadeira.
Com ajuda de parentes, Claudia Oliveira (PSD), de Porto Seguro, José Robério Batista de Oliveira (PSD), de Eunápolis, e Agnelo Santos (PSD), Santa Cruz Cabrália, teriam fraudado contratos no valor total de R$ 200 milhões. Os investigadores sustentam que, desde 2009, os prefeitos usavam familiares para simular licitações e desviar dinheiro público. Ao todo, são 21 mandados de prisão temporária, 18 de condução coercitiva e 42 de busca e apreensão — cumpridos na Bahia, em São Paulo e em Minas Gerais.
Em dado momento, ao passar por uma pequena ponte de madeira, ela ri e começa a simular um discurso. Ainda que em tom de brincadeira, Claudia fala em desviar verbas de emendas de parlamentares ao Orçamento. Mesmo assim, ela foi eleita com 36,55% dos votos válidos.
— Estou visitando aqui meu povo, povo da periferia. Eu colocarei emendas, farei projeto para uma ponte que vai beneficiar aqui toda a comunidade. Uma ponte onde serão investidos dois bilhões. Um bilhão eu fico — diz, em meio a risadas, nas imagens.
O secretário de comunicação da Prefeitura de Porto Seguro, César Aguiar, informou ao G1 que ainda não tinha conhecimento sobre a operação.
‘CIRANDA DA PROPINA’
Os investigadores descobriram que as três cidades baianas tinham uma “ciranda da propina”, relativa ao rodízio de empresas envolvidas no esquema de corrupção. Elas se revezavam para vencer as licitações e encobrir as fraudes.
A Polícia Federal explicou que, em muitos casos, os suspeitos repassavam a totalidade do valor do contrato a outras empresas do grupo familiar no mesmo dia em que as prefeituras liberavam o dinheiro.
A operação foi batizada de Fraternos, em função da colaboração de parentes dos prefeitos no esquema. Os investigados vão responder por organização criminosa, fraude a licitações, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.
Para dificultar a identificação dos beneficiários finais, parte do dinheiro era repassado era desviado em “contas de passagem” registradas em nomes de terceiros. Na maioria das vezes, segundo a PF, esta verba retornava para a organização criminosa, que usava uma empresa de um dos três prefeitos como lavanderia.
Fonte: O Globo
Créditos: O Globo