PPS reage

Por Lena Guimarães

“Ao rei tudo, menos a honra”, anunciou o vereador Bruno Farias, citando o dramaturgo espanhol Calderón de La Barca, para explicar a decisão do PPS de João Pessoa de colocar os cargos que ocupa na administração municipial à disposição do prefeito Luciano Cartaxo (PT), em resposta à exoneração de Ronaldo Guerra da secretaria de Infraestrutura, sem qualquer aviso prévio ao partido.

Farias presidiu a reunião do Diretório Municipal e explicou que a decisão objetiva  preservar não apenas a autonomia política do partido,  mas “nossa dignidade”. Indagado se significa rompimento, disse que “quem vai dar o tom da posição política do nosso partido é a própria gestão”.

Luciano Cartaxo, que ouviu sua fala ao vivo, na rádio Correio, disse que com essa postura o partido encerrava o diálogo. Revelou a intenção de procurar os outros dois vereadores do PPS,  Marcos Antônio e Djanilson da Fonseca, para saber se apoiam o entendimento, que traduziu como rompimento, deixando claro que significará a entrega de todos os cargos que possuem na PMJP. Como todos assinaram a nota na qual reiteram a autonomia da bancada na Câmara, a conversa pode não acontecer.

O PPS mostra que embora não tenha o tamanho do PT, não teme enfrentamentos. Mais do que desapego, a entrega dos cargos é estratégia que evidencia disposição de defender seus espaços sem abdicar da imagem de partido que não se estabeleceu com fisiologismo. É no discurso e na capacidade de articulação que está sua força.

Mesmo que some com a oposição, o PPS não ameaçará a maioria do Prefeito na Câmara. Quando assumiu a Prefeitura,  Luciano Cartaxo contava com 24 dos 27 vereadores, inclusive os três do PSDB, partido que é adversário nacional do PT. Atualmente a oposição é formada apenas pelos vereadores Lucas de Britto (DEM), Renato Martins e Zezinho do Botafogo (PSB) e Raoni Mendes (PDT), o primeiro a romper com o petista.

Se o PPS engrossar a oposição, o placar ainda será de 20 a sete a favor do Prefeito. Mas sua posição deve preocupar Cartaxo porque coloca em xeque seu “governo do diálogo”, já arranhado com o rompimento de Raoni Mendes e as insatisfações públicas dos seguidores de Luciano Agra. A marca pode resistir a uma ou duas histórias, mas dificilmente a várias.

 

 

 

TORPEDO

Eu que vou dar o tom? Não tenho o que conversar com a direção do PPS. Eu conversei com a direção do PPS ontem. Eles se reuniram e tomaram uma posição. Vou saber apenas se os vereadores da base, que compõem a bancada do PPS vão acompanhar essa decisão.

 

Do prefeito Luciano Cartaxo (PT), sobre a decisão do PPS de entregar os cargos que ocupa na PMJP.

 

 

 

 

Política e família

A deputada Lea Toscano não gostou do líder do governo, Hervázio Bezerra ter envolvido a família de ambos (são ex-cunhados) em briga polítca. Eles disputam apoio de prefeitos que estariam preferindo o candidato de Ricardo Coutinho.

 

Cooptação

Tudo tornou-se público quando o prefeito Zenóbio Toscano, marido de Léa, denunciou cooptação de prefeitos e comparou Hervázio Bezerra a pitbull. Ele disse que não respondia a altura para não constrager o filho, sobrinho da deputada.

 

Lamento

“Se ele não respeita o meu filho, eu respeito todos os filhos de Zenóbio que carreguei nos meus braços. Sempre tive apreço de Zenóbio e Lea quando era cunhado deles, mas de repente ele decidiu bater em mim”, lamentou Hervázio.

 

Resposta dura

“O que Zenóbio disse foi porque você está usando expedientes pequenos. Pegou três municípios no Governo Maranhão e cooptou. Agora, foi a Caiçara e fez a mesma coisa. Você me apunhalou pelas costas”, devolveu Léa.

 

 

 

ZIGUE-ZAGUE

+ Reginaldo Pereira não esquentou a cadeira de prefeito de Santa Rita, que voltou a ocupar, ontem, graças a uma liminar, que foi revogada antes do meio dia.

+ A comunicação da Justiça ainda não tinha chegado à Câmara quando os vereadores, apreciado um segundo processo, aprovaram novo afastamento de Reginaldo.

+ As batalhas judiciais continuaráo. Como os vereadores têm outros dois processos contra Reginaldo para votação, as chances são a favor do vice, Netinho de Várzea Nova.

 

 

Repercussão

No discurso de posse, a governadora em exercício, Fátima Bezerra Cavalcanti fez um registro histórico sobre o primeiro desembargador a assumir o governo, Xavier de Andrade, que esteve no cargo por apenas um dia. Foi em 1891, quando Junta Governativa, liderada por um militar, derrubou o Governador e o Vice-Governador em exercício. Remeteu muitos à crise atual entre Ricardo e o Legislativo, de maioria oposicionista, e a votação das contas que pode comprometer o futuro do governador.

 

 

 

PONTO FINAL

O senador Cássio Cunha Lima (PSDB) anunciou, via Twitter, que assinou a CPI da Petrobrás, que pretende investigar a compra polêmica de Pasadena, plataformas incompletas e denúncias de corrupção. Se 27 senadores assinarem (o mínimo para CPI mista), o blocão promete apoiar comissão na Câmara.