Por que Cícero Lucena não tem força para se impor e, assim, vai ficar de fora da disputa eleitoral?

POR JOSIVAL PEREIRA

Análise: Por que Cícero Lucena não tem força para se impor e, assim, vai ficar de fora da disputa eleitoral?

O senador Cícero Lucena (PSDB) vai estrebuchar até o fim do mês, mas ficará de fora da disputa das eleições deste ano.
Certamente se esforçará para sair como vítima do processo de escolha de candidatos dentro de seu partido – o PSDB, tentando responsabilizar o senador Cássio Cunha Lima e o deputado Ruy Carneiro pela preterição, mas a reação não deverá produzir maiores efeitos na campanha.
A questão é que, no contraponto, o senador Cássio Cunha Lima ou aliados deverão mostrar que Cícero foi muito mais beneficiado pelo grupo do que o contrário.
Neste particular, o senador Cícero Lucena deverá alegar que foi sempre fiel ao grupo Cunha Lima e que deixou de ser candidato a governador lá atrás a convite do peemedebista José Maranhão, que foi isolado em 2010 para o PSDB apoiar Ricardo Coutinho e que, agora, poderia ter se filiado e estar presidindo o Pros e em melhores condições de negociar sua participação na campanha.

Do outro lado, Cássio e aliados devem alegar que o grupo já elegeu Cícero vice-governador e o transformou em governador, de onde saiu para ser ministro, oportunizou que ele fosse prefeito de João Pessoa duas vezes, elegeu Lauremília Lucena vice-governadora e o elegeu senador um ano depois de sua prisão.
Dificilmente, diante deste quadro, algum dos dois lados poderá se vitimizar.
O verdadeiro problema do senador Cícero Lucena parece advir de duas velhas regras básicas da política: neste meio, antiguidade não é posto, e, neste andar de cima – o da cúpula -, só se estabelece quem tem vida política própria e não depende de ninguém.
O senador Cícero Lucena já entrou na política por cima, como candidato a vice-governador e, desde então, sempre foi dependente de outras lideranças para se manter no andar superior da política estadual. Foi indicado para o ministério de Fernando Henrique Cardoso pelo grupo Cunha Lima. Nas campanhas para prefeito, tinha o apoio do PMDB, com José Maranhão e a família Cunha Lima juntos. Na eleição para o Senado, contou com o apoio Cássio Cunha Lima no governo do Estado.
Agora, chegou a hora dos nove fora. A questão que se apresenta é a seguinte: Cícero quer ser candidato a senador alegando antiguidade ou dever de gratidão, mas não tem vida política própria, depende do senador Cássio Cunha Lima, que, por sua vez, depende de apoio de outras legendas para compor seu guia eleitoral.
A conta, neste caso, é simples: a coluna da gratidão vai zerar porque os dois lados alegam os mesmos valores e, no quesito puramente político, o senador Cícero Lucena parece depender totalmente do grupo Cunha Lima. Por isso, não tem força para impor. Nem se impor.

por Josival Pereira