POLÊMICA: Tratamento diferenciado do jornal "Estadão" com Lula e FHC gera protestos nas redes sociais

Mera coincidência

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Não tenho procuração para defender A ou B e penso que crimes de qualquer natureza ou ‘tamanho’ devam ser todos investigados, independentemente do cargo ou status do suspeito, respeitados todos os trâmites e procedimentos determinados pelo Estado de Direito. Mas vamos lá, um minutinho de atenção para um modesto e simples exercício de análise de discurso. Observem as duas matérias abaixo, publicadas hoje pelo ‘Estadão’. Estão na mesma página. A notícia sobre o ex-presidente Lula recebe destaque, está no alto, embora as doações já fossem conhecidas. O título sugere que foi Lula, pessoa física, quem recebeu o dinheiro, e não o Instituto Lula, o que faz muita diferença. A empresa é nomeada — Odebrecht. E quem faz a afirmação tem nome também, é a Polícia Federal, estratégia discursiva que pretende garantir legitimidade à afirmação. Argumento de autoridade.

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Passemos agora à segunda notícia, que vem abaixo, com menos destaque, embora essa fosse, jornalisticamente, a novidade — pela primeira vez, foram identificados repasses para o Instituto FHC. Notem também que, enquanto lá ‘Lula recebeu…’, aqui a ‘empreiteira doou…’. Faz toda a diferença. Ações atribuídas a sujeitos diferentes. Além disso, a empreiteira não tem nome, é genericamente chamada de ‘empresa’. O destinatário da grana é o Instituto FHC, não o ex-presidente FHC. E quem chancela a denúncia é um ‘laudo’, e não mais a PF. Generalidades, de novo. Pergunto — esse tratamento narrativo absurdamente diferenciado e seletivo é casual? Mera coincidência? Por Chico Bicudo