Polêmica sobre dia da cidade de Cajazeiras

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O historiador José Antonio de Albuquerque, diretor-presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e presidente da Associação Comercial de Cajazeiras, insiste em polemizar, através de artigos no portal “Diário do Sertão”, sobre a data comemorativa à fundação daquela cidade, conhecida como “Terra da Cultura”. Segundo ele, Cajazeiras completará no próximo dia dez, 137 anos de elevação da vila à categoria de cidade. Lamenta que essa data seja esquecida e não comemorada pelos habitantes, que preferem realizar celebrações no dia 22 de agosto, data de nascimento do Padre Inácio de Souza Rolim, considerado o fundador da povoação. Na sua opinião, a recorrência em apontar o dia 22 de agosto como marco da emancipação política de Cajazeiras constitui num mau exemplo. “Procedendo assim, estamos ensinando a história do município de forma completamente errada”.

José Antonio diz que é preciso resgatar os valores maiores da cidade. “Não podemos nem devemos tão somente incorporar a história do Padre Rolim como única. Há outros inúmeros outros valores e datas significativas que devemos celebrar”. Lembra que quando chegaram os primeiros povoadores à região do que seria o futuro município de Cajazeiras, em quase todo o sertão já havia habitantes. Vital de Sousa Rolim e Ana Francisca Albuquerque (Mãe Aninha) uniram-se em matrimônio. A união das duas famílias deu origem ao povoamento de Cajazeiras. Começava o núcleo que faria o desenvolvimento da cidade.

– A fazenda das Cajazeiras – prossegue o professor – se constituiu através de uma doação de Luís Gomes de Albuquerque quando do casamento de sua filha Ana com Vital de Sousa Rolim. Em frente à casa da fazenda, Mãe Aninha ergueu um oratório dedicado a Nossa Senhora da Piedade, onde costumava rezar e assistir as celebrações feitas pelo filho Inácio Rolim, “o padre virtuoso e santo que soube conduzir a cidade para um grande crescimento, para um futuro promissor”. O Padre Rolim, em 1825, retornou de Olinda, Pernambuco, ordenado, e a partir daí dedicou-se ao magistério, fundando o colégio. As datas de fundação são divergentes: teria sido em 1837 ou 1839? Ou ainda em 1843? “O seu trabalho como educador projetou-se por todo o Nordeste. Após o falecimento do padre, o colégio continuou a viver e se constitui num dos mais tradicionais e importantes da cidade. Infelizmente teve suas atividades paralisadas e, mais uma vez, foi fechado”.

O oratório de Nossa Senhora da Piedade, relata José Antonio, passou a dignidade canônica de capela e em 29 de agosto de 1859, através de Lei Provincial, foi criada a paróquia de Nossa Senhora da Piedade, sancionada pelo presidente da Província Paraibana, Ambrósio Leitão da Cunha. Instalada a paróquia, seu primeiro vigário foi o padre José Tomaz de Albuquerque. Começava a surgir a dimensão política do povoado. Já tinha o distrito representante junto à Câmara Municipal de Sousa. Foi por iniciativa de Vital Rolim, neto de Mãe Aninha e Vital, que se instalou a 20 de junho de 1864 o município de Cajazeiras, já criado através da Lei Provincial de 23 de novembro de 1863, cuja Câmara Municipal fora instalada no mesmo dia sob a presidência do padre José Tomaz de Albuquerque.

Conta José Antonio que Cajazeiras deve sua independência política ao deputado provincial João Leite Ferreira, representante do Piancó e filiado ao Partido Liberal. Em sessão de 27 de outubro de 1863, ele apresentou o projeto de lei número 23. Após debates, teve a sua primeira votação em 10 de novembro de 1863. No dia 13 de novembro subiu à sanção do presidente da província, Francisco de Araújo Lima. Cajazeiras foi elevada à categoria de vila e sede do município. Passou 12 anos como vila. Nesse período, a vida política do município foi conturbada. Chegou a ter duas Câmaras Municipais. Em 1868 aconteceu o brutal assassinato do tabelião José Leandro Soares. A crise política deflagraria um terrível morticínio. Em 1827, dia de eleição de vereadores e juízes de paz, no patamar da Igreja Matriz, numa violenta batalha campal, morreu crivado de balas de bacamarte um integrante do Partido Liberal, o tenente João do Couto Cartaxo. “Esse clima de truculência era patrocinado, principalmente, pelos membros do Partido Conservador do distrito de Santa Fé, liderados pelo alferes João Pires. Cajazeiras se liberta e se livra do signo da violência quando adquire o foro de cidade. Os doze anos de vila foram de insegurança e incertezas para todos os seus habitantes”, acrescenta o historiador. Com a criação do município, Cajazeiras passou a ter o seu termo Judiciário agregado ao termo de Sousa. Somente em 2 de janeiro de 1875, graças a decreto imperial, Cajazeiras passa a ter seu juiz municipal togado e residindo na cidade. Assumiu nessa condição o alagoano Bernardo Lindolfo de Mendonça. José Antonio conclui que o povoamento, a fazenda, o colégio, a paróquia, a vila, o município, o termo judiciário e, finalmente, a cidade, foram os caminhos percorridos por Cajazeiras até hoje, tendo sido elevada à categoria de cidade a 10 de julho de 1876, através de Lei Provincial sancionada por Flávio Clementino da Silva, Barão de Mamangape.

Do Blog com RepórterPB