Mulheres evangélicas decidiram enfrentar uma das pautas mais turbulentas da atualidade no Brasil, a legalização do aborto. A Frente Evangélica Pela Legalização do Aborto causa polêmica, mas abre um debate forte sobre o direito das mulheres aos seus corpo e dialogam através da perspectiva cristã sobre o assunto.
O coletivo feminista se denomina uma frente de luta pelo direito das mulheres e afirma que existe, dentro das igrejas, enfrentamento a essa lógica de morte estabelecida pelo fundamentalismo. Elas lançaram, esta semana, um manifesto onde criticam conservadores religiosos e firmam posição pela vida das mulheres e contra o encarceramento. Confira na íntegra:
“Estima-se que, no Brasil, uma gravidez é interrompida voluntariamente por minuto, e que o aborto clandestino é a quinta maior causa de mortalidade materna no país.
Compreendemos a criminalização como um atentado aos direitos humanos, que, além de não dar conta de impedir que os abortos sejam realizados, impõe ainda, sobre as mulheres, dor, violência e morte.
Como mulheres cristãs, acreditamos na sacralidade da vida, e, por isso, lutamos por uma política pública de redução de danos, que repense nosso modelo punitivo de sociedade, garantindo às mulheres direitos, e não encarceramento.
Sabemos que em uma sociedade estruturada pelo patriarcado e com um passado escravocrata ainda tão recente, a criminalização serve para a manutenção do status quo, impondo a nós mulheres ( principalmente negras e pobres ) um lugar de subalternidade e opressão.
Em uma conjuntura de avanço conservador e ataques diretos de grupos religiosos, faz-se necessária a organização de mulheres cristãs que não se sentem representadas pela bancada parlamentar evangélica, e que lutam dia e noite, dentro e fora de suas comunidades de fé, contra a leitura patriarcal da bíblia que legitima as nossas mortes.
Assim surge a Frente Evangélica Pela Legalização do Aborto. Uma frente de luta pelo direito das mulheres e que faz questão de reafirmar que existe, dentro das igrejas, enfrentamento a essa lógica de morte estabelecida pelo fundamentalismo.
Reivindicamos o prisioneiro politico Jesus de Nazaré, assassinado pelo Estado por subverter a ordem.
Reivindicamos o Deus que andou com os e as oprimidas e que, em seu ministério, deu protagonismo e voz a mulheres que se quer eram contadas como seres humanos.
Reivindicamos a Cruz, ressignificada por Jesus, e que hoje não é mais símbolo de punição por crimes cometidos e morte, mas de graça e vida abundante para todas as pessoas.
Se ele levou sobre si as nossas dores, se o castigo que hoje nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos saradas, não nos cabe mais a Crucificação, apenas Esperança de Ressurreição!”
Fonte: jornalistas livres
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