Geraldo Vandré se aborrece com manifestantes em João Pessoa
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Incidente tira brilho da volta oficial do cantor aos palcos depois de 50 anos
Geraldo Vandré vai até os manifestantes
Uma faixa estendida por manifestantes, protestando contra o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco provocou um incidente na segunda noite da volta oficial de Geraldo Vandré ao palco, depois de 50 anos, no Espaço Cultural José Linda do Rego, em João Pessoa. Vandré fechava o espetáculo cantando Pra não dizer que não falei de flores (caminhando), quando os manifestantes desenrolaram a faixa diante da plateia. Quando viu do que se tratava, o cantor pegou uma ponta da faixa, parou de cantar e, visivelmente, aborrecido, guiou os manifestantes até a lateral do palco.
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Em seguida, ele e a pianista paulista Beatriz Malnic acenaram para a plateia e foram para o camarim. Irrompeu um “Fora Temer”, com um ensaio de vaias. Uma moça puxou o coro. Gritou “Marielle?” e as pessoas respondiam com um “Presente”. Um episódio constrangedor que embaçou o espetáculo, até aí de muita beleza e brilho, e arranhou o mito, e dividiu opiniões. Mas polêmica não é o que falta na carreira do paraibano Geraldo Pedrosa de Araújo Dias, que chega aos 83 anos em 12 de setembro.
A sala de concerto Maestro José Siqueira com todos os assentos tomados, muita gente do lado de fora torcendo por possíveis desistências (a entrada era franca). Algumas pessoas, inclusive o secretário de cultura do estado, Lau Siqueira, assistiram sentadas no carpete diante do estrado onde aconteceu o espetáculo que, de Geraldo Vandré teve mais a música do que sua presença.
RECITAL
Música e poesia da capitania de Wanmar, o nome do recital, com temas compostos por Vandré e a pianista Beatriz Malnic, inéditos em disco. Vandré participou no início num dueto com Beatriz, e recitando um poema. Em seguida sentou-se por algum tempo e retirou-se para o camarim. Durante cerca de 50 minutos, Beatriz Malnic tocou os quatros temas do recital, belos, com uma sutil citação de Pra não dizer que não falei de flores, em um dos temas. Excelente pianista, e ótima cantora Beatriz Malnic, pouco conhecida no Brasil, vive em Miami.
Uma peça refinada, extremamente bem executada, mas não era exatamente o que a plateia esperava escutar. Alguém citou Disparada, outra Aroeira. Mas Geraldo Vandré optou por hinos cívicos. A orquestra Sinfônica da Paraíba, com o Coro Sinfônico da Paraíba, fez a segunda parte do espetáculo tocando quatro composições de Vandré, abrindo com Fabiana, que compôs para a Força Aérea Brasileira (FAB), Mensageira, para a bandeira do estado da Paraíba, Minha Pátria (com Manduka), e a recorrente Pra não dizer que não falei de flores, com arranjos de Jorge Ribas.
Geraldo Vandré e Beatriz Malnic voltaram para o final, repetindo Pra não dizer que não falei de flores. Na noite anterior, o cantor segurou uma bandeira brasileira no encerramento do espetáculo. Trouxeram a bandeira novamente. Mas a faixa evocando Marielle Franco apareceu antes, e o ato de patriotismo de Vandré não foi repetido. A surpresa que a mestre de cerimônia anunciou, antes do espetáculo, seria Geraldo Vandré acrescentar Disparada (parceria com Théo de Barros), no repertório. Não acrescentou. A surpresa acabou sendo a altercação entre ele e os manifestantes.
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O ARTISTA SE MANIFESTA:
JOSÉ TELES: Geraldo Vandré impede que manifestantes estendam faixa de protesto cobtra o assassinato da vereadora Marielle Franco, no final do segundo concerto, de que participou, no Espaço Cultural José Lins do Rêgo, em João Pessoa, nesta sexta-feira.
Ironicamente, Vandré cantava Pra não dizer que não falei de flores, que foi proibida de ser cantada no Brasil durante onze anos.
Fonte: http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cultura/musica/noticia/2018/03/24/geraldo-vandre-se-aborrece-com-manifestantes-em-joao-pessoa-332663.php
Créditos: foto e vídeo: José Teles