PMDB enfrenta resistências para fechar acordos

Nonato Guedes

Fontes políticas revelam que haverá extrema dificuldade para o PMDB paraibano fechar alianças com outros partidos com vistas à disputa das eleições de 2014. O PT, que foi parceiro do PMDB em pleitos anteriores, com exceção do de 2012, mostra-se inclinado a fazer parte de um novo agrupamento, tendo como parceiros o PP, da deputada estadual Daniella Ribeiro, irmã do ministro Aguinaldo Ribeiro, e o PSC, presidido pelo ex-senador Marcondes Gadelha. No ano passado, contrariando expectativas dos peemedebistas, o PT lançou a candidatura própria do então deputado Luciano Cartaxo a prefeito de João Pessoa. Cartaxo emergiu vitorioso no segundo turno, enfrentando o senador tucano Cícero Lucena. Em Campina Grande, Daniella foi candidata batendo forte nos grupos do senador Cássio Cunha Lima e do ex-prefeito Veneziano Vital.

Dentro da estratégia para compensar perda de alianças importantes, como a que tencionava celebrar com o PT, o PMDB passou a dirigir acenos, nos últimos dias, ao Partido Ecológico Nacional (PEN), dirigido por Ricardo Marcelo, presidente da Assembléia Legislativa. Veneziano Vital externou o interesse de que o PEN participe das discussões para a formação da chapa majoritária, e o senador Vital destacou a atuação independente que o dirigente do Legislativo vem mantendo. Nem Ricardo Marcelo deu uma resposta conclusiva à oferta e nem alguns deputados estaduais demonstraram entusiasmo com a perspectiva de aliar-se ao PMDB. Este é o caso de Athaydes Mendes (Branco), que confessou dificuldades locais para apoiar a candidatura de Veneziano. Numa visível operação-despistamento, Ricardo Marcelo acentuou que a prioridade do PEN deve ser a estruturação de diretórios municipais, para o fortalecimento da estrutura com a disputa por cadeiras no Legislativo em 2014.

Além de não estar conseguindo atrair parceiros para uma coalizão no próximo ano, o PMDB convive com a ameaça de defecções. Uma das mais cogitadas é a do ex-senador Wilson Santiago, que, de acordo com as versões, estaria sendo cortejado para integrar-se ao esquema do governador Ricardo Coutinho (PSB), desde que concretize o seu desligamento dos quadros peemedebistas. Santiago queixa-se que não vem tendo tratamento interno à altura da sua densidade, referindo-se ao fato de que mantém sob controle prefeitos de vários municípios importantes que seguem a sua orientação política. Por outro lado, o ex-senador não aceita a imposição da candidatura de Veneziano ao governo, advertindo que a agremiação deveria examinar outras alternativas, a exemplo do seu próprio nome.

O ex-governador José Maranhão, que continua sendo uma incógnita em termos de projeto pessoal para 2014, mantém uma postura de acompanhamento dos bastidores. Ele está monitorando, por exemplo, o desfecho para a formação do diretório municipal do partido em João Pessoa. Suas preferências dividem-se entre o sobrinho, deputado federal Benjamin Maranhão, que já dirige a comissão provisória na capital, e o deputado federal Manoel Júnior, que foi preterido em cargos de direção ou outros de influência na organização peemedebista. O vereador Fernando Milanez insiste, porém, em que um integrante da Câmara Municipal de João Pessoa figure no páreo para dirigir a legenda na capital.

Veneziano, que ainda não deixou de trocar acusações com o sucessor, Romero Rodrigues, do PSDB, a respeito da “herança administrativa” em Campina Grande, já foi avisado de que terá que se empenhar diretamente para aglutinar forças políticas dentro do PMDB se quiser tornar verdadeiramente viável a pretensão de se eleger ao governo em 2014. O ex-prefeito estaria encontrando, porém, uma dificuldade: a falta de domínio da máquina partidária, cujos segredos estão concentrados entre o ex-governador José Maranhão e o ex-presidente regional da legenda, o contabilista Antônio de Souza. Somente depois de unificar as bases peemedebistas em favor de sua candidatura já lançada com antecedência é que Veneziano poderá partir para a tentativa de formar alianças com outros partidos interessados. O DEM, presidido pelo ex-senador Efraim Morais, tende a fechar com a reeleição do governador socialista Ricardo Coutinho, da mesma forma como deverá se posicionar o PSDB, atualmente presidido pelo deputado federal Ruy Carneiro e que tem como líder maior o senador Cássio Cunha Lima. O PSD do vice-governador Rômulo Gouveia integrará a composição de apoio a Ricardo. Veneziano tem poucas opções expressivas para compor um esquema razoavelmente forte que lhe dê condições de concorrer ao Palácio da Redenção.