A Polícia Federal requereu a abertura de inquérito contra o ministro do Trabalho, Manoel Dias, representante do PDT na Esplanada. Ao investigar irregularidades em convênio firmado com uma ONG que recebeu R$ 11 milhões do ministério, a PF concluiu que há indícios de envolvimento do ministro nos malfeitos. Por isso, pediu à Justiça que remeta o processo ao STF, órgão do Judiciário responsável por processar e julgar autoridades que, como os ministros, detêm o chamado foro por prerrogativa de função —vulgarmente chamado de foro privilegiado.
Deve-se a divulgação da novidade ao repórter Fábio Fabrini. O caso envolve uma ONG de Santa Catarina, Estado de Manoel Dias. Chama-se ADRVale, Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Rio Tijucas e Itajaí Mirim. Sediada na cidade de Brusque, era comandada por militantes do PDT, o partido do ministro. A PF esquadrinhou convênio assinado em 2007, ainda sob Lula. A investigação cobriu dois anos da execução do contrato, até 2009.
Nessa época, o ministro do Trabalho era Carlos Lupi, presidente do PDT federal. Mantido no comando da pasta no início do governo Dilma Rousseff, Lupi foi varrido do ministério em dezembro de 2011, sob denúncias de cobrança de propina para a liberação de registros de sindicatos e de desvios de verbas por meio de ONGs. Substituiu-o um desafeto, o deputado pedetista Brizola Neto (RJ). Lupi ameaçou levar o PDT para a oposição. E Dilma lhe devolveu o controle do ministério, nomeando Manoel Dias, apadrinhado de Lupi. Por Josias de Sousa.