A Polícia Federal concluiu relatório final da segunda fase da Operação Carne Fraca, que apontou esquema de corrupção envolvendo fiscais do Ministério de Agricultura, no Paraná e Goiás, que beneficiariam empresas do setor de carnes, entre elas unidades da gigantes BRF e JBS.
Batizada de Operação Antídoto, a segunda fase tem como alvo o fiscal federal agropecuário Francisco Carlos de Assis, ex-chefe da Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Estado de Goiás.
“Francisco Carlos de Assis inutilizou documentos, dados que, se conhecidos, corroborariam prova de seus atos de corrupção já que, como foi apurado, ele recebia ‘ajuda de custo’ de R$ 5.000,00, da empresa JJZ”, registra o relatório da PF.
O relatório final de é do dia 23 e foi assinado pelo delegado Willian Tito Shuman Marinho, da equipe da Carne Fraca. Nesta quinta-feira, 29, o juiz federal Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal em Curitiba, abriu vistas para o Ministério Público Federal.
“Há claros fortes indícios de que ele, de fato, apagou de seu Whatsapp conteúdos que, certamente, comprovariam sua (e de terceiros) participação na organização criminosa no MAPA/GO, ou traria outros indícios sobre solicitação de vantagem econômica indevida funcionário da empresa BRF, crime pelo qual está sendo acusado em Ação Penal nesta Seção Judiciária”, informa o documento da PF.
Preso em Curitiba, o ex-superintendente do Mapa em Goipas foi entre 1987 e 2009 encarregado pela inspeção no Frigorífico Margen Ltda, na cidade de Rio Verde (GO) e no Frigorífico Friboi Ltda, na cidade de Anápolis (GO).
“Em conversas captadas via interceptação telefônica se dispunha a intermediar contato entre Roney (Nogueira dos Santos, da BRF) e Dinis (fiscal chefe do esquema no Paraná) a fim de evitar a suspensão da unidade de Mineiros/GO, com indícios de sua contribuição para ajudar no processo da liberação dessa fábrica atuando em favor da BRF.”
Assis teve ordem de condução coercitiva decretada em 17 de março, quando foi deflagrada a primeira etapa da Carne Fraca. Ele não foi localizado em seu endereço e acabou sendo ouvido no dia 20.
“Entre data do cumprimento dos mandados de condução coercitiva de busca e apreensão (dia 17/03/2017) da apresentação colheita de declarações (dia 20/03/2017), Francisco Carlos de Assis teria destruído documentos e dados que, certamente, eram de interesse para investigação criminal para processo criminal.”
A PF grampeou também outra conversa, do dia 20 de março, mesmo dia em que foi prestar depoimento para a Carne Fraca, que indicaria que ele teria apagado mensagens de seu celular, que poderiam ajudar as investigações.
“Não há como interpretar tais fatos de outra maneira.”
A PF pede a manutenção de prisão de Assis preventivamente e que o MPF analise se denuncia criminalmente o investigado por obstrução da Justiça.
Fonte: Estadão