Petrobras foi alvo de espionagem americana

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A Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA) usou seu aparato de espionagem para levantar informações sobre a Petrobras. A denúncia foi feita ontem no “Fantástico” pelos repórteres Sonia Bridi e Glenn Greenwald, a partir de documentos vazados pelo ex-agente da CIA Edward Snowden, atualmente exilado em Moscou. Os documentos — todos sigilosos — jogam por terra o argumento do governo americano de que a NSA se dedica exclusivamente a combater o terrorismo. Na semana passada, a agência declarou ao jornal americano The Washington Post que “não se engaja em espionagem econômica em qualquer área” O que se vê, a partir dos documentos inéditos — que contêm ao menos quatro vezes o nome da Petrobras — é que a alegação era falsa.

Um dos dados divulgados por Glenn Greenwald é um tutorial de Power Point do progama Royal Net, datado de maio do ano passado. Serviu para ensinar agentes da própria NSA a espionar redes privadas de computador — normalmente usadas por governos, empresas e instituições financeiras, justamente para tentar se proteger de invasões externas. O nome da Petrobras — maior empresa do país, que tem um faturamento anual de R$ 280 bilhões — aparece em um dos primeiros slides, sob o título “Muitos de nossos alvos usam redes privadas”.

Os documentos não mostram exatamente que tipo de informações a NSA buscava, mas é possível supor que tivessem a ver com tecnologia e campos de petróleo do pré-sal. O leilão do campo de Libra, agendado para o próximo mês, na Bacia de Santos, será o maior já realizado no país. Roberto Villa, ex-diretor da Petrobras, declarou ao “Fantástico” que “se alguém dispõe dessa informação, ele vai numa posição muito melhor no leilão. Ele sabe onde carregar mais e onde nem carregar. É um segredinho bom”.

A empresa brasileira, no entanto, não foi a única a ter seus dados espionados. Curiosamente, o Google — que, assim como a Microsoft, colaborou com a agência americana — também aparece na lista como um dos alvos. Outros foram o Ministério das Relações Exteriores da França e o sistema Swift — a cooperativa que reúne mais de dez mil bancos de 212 países e regula as transações financeiras por telecomunicações. Qualquer remessa de recursos entre bancos que ultrapassa fronteiras passa pelo Swift — até então visto como um sistema inviolável.

O Globo