Pessoense mostra confiança na gestão de Cartaxo

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Nonato Guedes

O prefeito Luciano Cartaxo ingressa, agora em junho, no sexto mês de mandato à frente da administração municipal em João Pessoa, e apesar de não haver publicização de pesquisas sobre avaliação de desempenho, analistas políticos e formadores de opinião convergem num prognóstico: a gestão do petista inspira confiança a parcelas expressivas da população. Cartaxo é tido como um governante que cuida das necessidades básicas do pessoense. Mesmo quando investe no varejo, isto é, quando realiza obras de dimensão setorial, ele é visto como um administrador preocupado em fazer e deixar registrada sua marca no histórico dos grandes prefeitos da maior cidade da Paraíba.

Ele passa a noção de que está atento aos menores e maiores problemas que afligem o cidadão comum. Da mesma forma, tem sabido dosar prioridades urgentes com o incentivo a atividades culturais, esportivas e recreativas. O cuidado com a limpeza das ruas e a atenção que dá a postos de saúde, somam-se às iniciativas em prol da educação e às ações para construção de moradias que beneficiem as camadas carentes. Vai se firmando em seu redor a imagem de um executivo que persegue o cumprimento de metas e que cobra resultados concretos por parte da sua equipe de auxiliares. Da mesma forma, o estilo que adota levou à superação de conceitos eventuais sobre mera continuidade da gestão de Luciano Agra, que já foi uma complementação do mandato de Ricardo Coutinho, reeleito em 2008.

Diferentemente de Agra, que passou a ideia de intransigência em algumas ocasiões, Cartaxo credencia-se junto ao cidadão comum como um administrador sensível, propenso ao diálogo como mecanismo de solução dos problemas. Isto se deu, por exemplo, na questão da transferência do Aeroclube do bairro do Bessa para outro local. Agra notabilizou-se pela derrubada da pista do Aeroclube, posteriormente invalidada por uma ação judicial. Cartaxo já deixou claro que não há necessidade de recorrer à Justiça se está disponível o caminho do entendimento. Ele vem conduzindo solução para o problema de uma forma que não causa tensão junto à opinião pública. “Tem sido extremamente hábil no trato político da questão”, reconhece um integrante da diretoria do Aeroclube.

No período de Agra, foi constante a tensão entre ele e o governador Ricardo Coutinho depois que romperam politicamente. O ex-prefeito, impulsionado pelo desejo de marcar presença dentro da estratégia de se candidatar à reeleição, o que terminou não ocorrendo por erro de cálculo político, passou, em várias oportunidades, a impressão de confronto com a administração estadual. Parecia disposto a não dividir ganhos com o governo, não obstante o governo do Estado sempre tenha intervenções inevitáveis na capital. Isso dificultou, em muito, a parceria e fez com que inúmeros projetos pendentes de arbitragem conjunta ficassem engavetados. Dois exemplos foram emblemáticos do relacionamento de Cartaxo, até agora, com o governador, que é de outro partido. O primeiro se deu quando o prefeito, recém-empossado, atendeu a um convite do Palácio da Redenção e participou da reunião no Hotel Tambaú convocada a pretexto de renovar o Pacto pelo Desenvolvimento Social da Paraíba, evento que congregou gestores de inúmeros municípios. Cartaxo não deixou de registrar seu desapontamento com os fracos acenos que teriam sido feitos em relação à capital. Mas esteve no Hotel Tambaú.

Recentemente, alertado de que havia pendências relevantes a serem equacionadas sobre a Saúde entre Estado e município, escalou o secretário Adalberto Fulgêncio para discutir diretamente com o secretário de Saúde do governo RC, Waldson de Souza, a natureza das pendências e a fórmula para resolvê-las. Ficou tudo certo entre prefeitura da capital e governo do Estado, pelo menos no entendimento que foi mantido entre os dois secretários. Enfim, Luciano Cartaxo não se opôs a dividir com o governador Ricardo Coutinho o metro quadrado do local onde a presidente Dilma Rousseff foi recepcionada no bairro de Mangabeira para trazer anúncio de investimentos em João Pessoa. A presença dos dois gestores na cerimônia foi uma prova de maturidade política no relacionamento entre adversários, o que não passou desapercebido à presidente da República, que dividiu salomonicamente os afagos entre eles.

Cartaxo se impõe pela autoridade com que rege a administração. Até agora a imprensa não registrou a presença de super-secretários ou de ilhas de poder paralelas na administração municipal. Sobressai, para o bem ou para o mal, a figura do prefeito Luciano Cartaxo, que, afinal de contas, é o ordenador de despesas, a autoridade encarregada de responder perante o Tribunal de Contas e outras instâncias do Judiciário por atos cometidos ou por atos de negligência eventual. Na gestão de Luciano Agra, a figura da secretária de Saúde, Roseana Meira, destacava-se como influente, espécie de eminência parda e, também, geradora de conflitos que em certa medida desgastaram a administração numa área crítica. Roseana agia como espécie de vice de Agra, que tinha sido vice de Ricardo. O vice de Cartaxo, Nonato Bandeira, até por estratégia política, tenta criar fatos que orbitem em torno de sua imagem. Isto rendeu, inclusive, comentários de estremecimento nas relações entre titular e suplente. Cartaxo, se não conseguiu em definitivo resolver problemas, manteve as aparências e tomou a iniciativa de posar, de público, com seu vice. Se houver uma recidiva, é porque esse tipo de problema é incurável, dizem alguns analistas políticos.

A capital teve prefeitos teoricamente alinhados com governadores, mas que mantinham uma relação conflituosa. Assim se deu entre Luciano Agra e Ricardo Coutinho, assim aconteceu com Tarcísio Burity, quando este era filiado ao PMDB, e Carneiro Arnaud, peemedebista histórico. Carneiro teve dificuldades para dobrar empresários de transportes coletivos que reclamavam reajuste nas tarifas. A situação evoluiu para um princípio de motim, com os empresários ameaçando não colocar transporte público nas ruas no dia seguinte. Antecipando-se ao contencioso e, à revelia de Carneiro, Burity decidiu criar uma estatal de transporte público, a Setusa, e foi à televisão informar que no dia seguinte haveria ônibus para todos os usuários. Assim ocorreu. Carneiro queixou-se de intromissão indébita, Burity fez ouvidos de mercador, e os empresários acabaram recuando da pressão. A população, de sua parte, não ficou órfã de transporte. Eram outros tempos, certamente. Hoje, com a massificação do termo “governo republicano”, é muito difícil que episódios dessa natureza aconteçam em João Pessoa. E Cartaxo vai consolidando o perfil de administrador, que faltava no seu currículo, já que, quando vice-governador no último período de Maranhão, não teve espaço para mostrar habilidades ou competência nessa seara.