Polêmicas

Perseguição e mesquinharia

Rubens Nóbrega

Juro como tentei mudar de assunto, como diz um amigo meu, mas não posso deixar de registrar o fato e a minha indignação diante do que se afigura mais um ato de represália política misturada com mesquinharia e pobreza de espírito do governador Ricardo Coutinho e de alguns de seus auxiliares mais próximos.

O fato: a exoneração de cargo comissionado na Procuradoria Geral do Estado do filho do auditor fiscal Amadeu Robson Machado Cordeiro, também cronista e autor de contundentes artigos com denúncias e críticas à perseguição que o Ricardus I move contra o pessoal do Fisco. O rapaz, casadinho de novo, perdeu um pro labore de mil reais que lhe garantia praticamente todo o sustento.
Soube da triste notícia ao abrir a caixa de correspondência no começo da noite dessa terça. Deparei-me com mensagem de Amadeu que compartilho a seguir com vocês, para melhor compreensão e contextualização do caso.

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Prezado Rubens, boa noite. No domingo (25/11) nos encontramos em família no Real Botequim, no Mag Shopping. Não sabia que naquele momento meu filho Anderson Amadeu Correia Vaz Cordeiro já estava exonerado do Estado (Procuradoria Geral) por ato do rei, publicado no Diário Oficial do dia anterior (24/11).

Ato covarde e proposital, pois atingir filho da gente é feito mexer na ferida mais exposta e sensível do nosso corpo e da nossa alma. Só faz assim quem quer causar a dor mais profunda. Ele acertou em cheio. Poderia ter tomado decisão contra a minha pessoa, por tudo que falo e escrevo acerca da sua incompetência.

Anderson, obviamente, não desejava ser exonerado, mas tiveram a petulância de colocar “exonerar a pedido” no ato publicado. Por certo dessa exoneração e da economia de R$ 1.000 depende o governo para pagar a folha do funcionalismo estadual.

Só posso imaginar que a decisão que prejudicou meu filho decorre do que escrevo. Tive notícias de que os meus artigos incomodam, sobremaneira, o Procurador Geral, que os transmite ao Governador. Isso, fora a rádio escuta, que tudo escuta.

O clima pesou em família. Afinal, entende-se que do castigo ao meu filho fui o causador. Mas somos todos conscientes e já havia feito alerta nesse sentido. Bem, o dia seguinte pertence a Deus e, infelizmente, uma parte ao desequilíbrio do rei. De qualquer sorte, sou e me manterei livre. E esta liberdade ninguém compra nem tolhe.

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Encontrei-me realmente com Amadeu no shopping de Manoel Alceu, domingo passado. Cumprimentou-me com a distinção e lhaneza de sempre. Naquele momento, percebi no seu semblante muita tranquilidade, serenidade e, em rápida conversa, certo otimismo quanto ao futuro próximo, de que melhores dias virão para todos nós da Paraíba, apesar do governador e governo que temos.
Certamente esses sentimentos e expectativas mudaram quando Amadeu chegou em casa e soube do que fizeram ao filho Anderson.

Evidente que é prerrogativa do governante dispensar ocupantes de cargos comissionados. Mais evidente ainda, nesse caso, que o fundamento do ato é claramente retaliar o parente próximo de quem não se dobra ao ranço e à intolerância de quem parece que se compraz em punir da forma mais cruel e injusta possível, algumas vezes covarde, quem ousa contrariar, criticar e não se curvar nem a pau diante do trono.

 

O exemplo da Presidente

Em menos de dois meses, do final de setembro passado até o dia 8 deste mês, a presidente Dilma nomeou cinco reitores eleitos este ano: Carlos Alexandre Netto (UFRGS – Federal do Rio Grande do Sul), Jesualdo Pereira Farias (UFC – Federal do Ceará), José de Arimatéia de Matos (UFERSA – Federal do Semi-Árido), Célia Maria (UFMS – Federal de Mato Grosso do Sul) e Margareth Diniz (UFPB).

Todos eles têm em comum o fato de terem sido os mais votados nas eleições que disputaram em suas universidades, a exemplo do que aconteceu com o Professor Rangel Júnior, que venceu as eleições para Reitor da UEPB no primeiro turno, em maio deste ano, derrotando quatro adversários, mas, mesmo assim, pelo menos até ontem não havia sido nomeado pelo governador Ricardo Coutinho.

Peguei a série de nomeações com o Professor Eli Brandão, da Estadual. A informação mostra que Dilma respeita a democracia, a autonomia e a vontade majoritária das comunidades universitárias das universidades federais. Diante desse fato e considerando o impasse que persiste no caso da UEPB, resta torcer para que o governador da Paraíba siga o exemplo presidencial. Resta aguardar que ele seja fiel à sua história de militante do movimento estudantil e de servidores da UFPB, onde certamente gritou com entusiasmo a palavra de ordem ‘Reitor eleito, Reitor nomeado’, síntese da luta pela redemocratização da Universidade Pública no pós-ditadura.
Violência contra a mulher

Da Radioagência NP: 5,5 mil mulheres foram internadas via SUS por conta da violência em 2011. Outras 37,8 mil, entre 20 e 59 anos, atendidas por terem sofrido algum tipo de agressão. São dados do Mapa da Violência, que traz a Paraíba em 4º lugar no país em número de mulheres assassinadas (120, só de janeiro a outubro deste ano), conforme lembraram ontem o senador Vital Filho e a deputada Nilda Gondim.