Peemedebista diz que Santiago “dá tiro no pé”

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Nonato Guedes

O ex-senador Wilson Santiago solicitou ao presidente do diretório regional do PMDB na Paraíba, José Maranhão, que o recebesse hoje em João Pessoa para se inteirar da decisão de WS em assinar ficha de filiação ao PTB quarta-feira em Brasília. Maranhão não opôs restrições ao encontro com Santiago. Mas o ex-presidente do diretório regional, Antônio Souza, atual tesoureiro da legenda, afirmou ao que Wilson está na iminência de dar “um tiro no pé” ao trocar de partido, pois não tem garantia de espaços para concorrer a cargos majoritários no PTB em 2014 e, por outro lado, vai ingressar numa legenda que tem se esvaziado no cenário político estadual.

Antônio Souza lamentou a decisão de Wilson, de quem se considera amigo pessoal, e lembra que ele foi prestigiado tanto pelo partido como pelo governo de Maranhão, citando o exemplo da luta que ele empreendeu na Assembléia Legislativa e que gerou controvérsias, com vistas à redistribuição de recursos do ICMS com municípios de menor densidade do Estado. O tesoureiro peedemedebista acredita que a batalha em favor da redistribuição do ICMS foi quem projetou Santiago junto a lideranças municipalistas. Além disso, ele foi acolhido no PMDB quando deixou o PDT, sendo deputado estadual, federal e até senador pela legenda, no período em que Cássio Cunha Lima (PSDB) ficou impossibilitado legalmente de assumir o Senado por causa da Lei Ficha Limpa.

O ex-presidente do diretório regional prognosticou que Wilson Santiago não conseguirá sensibilizar um número significativo de prefeitos e líderes municipais do PMDB para acompanhá-lo na opção pelo PTB, diante da insegurança quanto ao rumo da legenda trabalhista no Estado. “Ele pode arregimentar poucos peemedebistas, mas dificilmente terá cacife para ser candidato, por exemplo, a senador”, avalia Antônio Souza. Sob todos os pontos de vista, o dirigente peemedebista entende que Wilson está cometendo uma precipitação que pode lhe custar a carreira política e, igualmente, atrapalhar a trajetória do deputado federal Wilson Filho, eleito pelo PMDB e que está no seu primeiro mandato. Antônio Souza disse que entende a motivação de Santiago de querer experimentar um novo cenário e uma nova conjuntura, mas adverte que ele errou de cálculo, ao ignorar que há pretensões concorrentes ao Senado dentro de partidos que poderão formar com o PTB em coligações no próximo ano.

Para ele, o ex-senador peemedebista deixou-se levar, equivocadamente, por uma afirmação do senador Vital do Rego de que o senador tucano Cícero Lucena seria bem acolhido nas hostes peemedebistas caso resolvesse apoiar a candidatura do ex-prefeito de Campina Grande, Veneziano, ao governo do Estado. “Foi uma manifestação sem maior compromisso por parte de Vital e também sem qualquer conotação de retaliação a Wilson Santiago, com quem Vitalzinho conviveu no próprio PDT e depois no PMDB na Assembléia Legislativa”, diagnosticou Antônio Souza. Mesmo assim, ele desejou felicidades a Santiago na empreitada que deseja assumir, ressaltando tratar-se de um líder político de projeção, que batalhou arduamente para conquistar espaços na cena paraibana. Um outro erro de cálculo do ex-parlamentar, a seu ver, teria sido a expectativa de vir a ser convidado pelo governador Ricardo Coutinho (PSB) para compor a sua chapa majoritária em 2014. “Ora, Ricardo já tem dificuldades para administrar postulações de partidos como PSDB e PSD. Como terá meios para administrar a pretensão de Wilson em disputar o Senado?”, indagou Antônio Souza. O ex-presidente do diretório regional concluiu isentando José Maranhão de qualquer responsabilidade pela desfiliação de Wilson, com seu conseqüente ingresso no PTB. “Maranhão fez tudo o que esteve ao seu alcance para dissuadir Santiago da ideia de trocar de partido, mas ele foi intransigente, e a esta altura não há mais recuo, lamentavelmente”, opinou.