Paulo Santos: Entre dois Ministro

O senador Cássio Cunha Lima (PSDB) precisará de doses extras de sabedoria política para enfrentar uma jovem dupla de políticos que, em menos de três anos após a estreia em mandatos federais, vai desembarcar na Paraíba, em 2014, também com doses extras de incentivo de prestígio no Governo Federal.

Aguinaldo Ribeiro e Vital do Rego Filho, pelo menos em tese, estarão dispostos a desafiar da maior liderança política estadual diante da perspectiva de que o senador tucano poderá viver um período de inferno astral quando verdadeiramente começar a campanha das eleições gerais do próximo ano.
Aspecto interessante nesse cenário que se avizinha é o fato de que Campina Grande está com a bola cheia pois João Pessoa não tem nenhuma liderança que consiga ofuscar os líderes da Serra da Borborema. Ou seja, de coadjuvante há algumas décadas, a Borborema assume papel de protagonista.
Chama a atenção o fato de Cássio – ancorado numa montanha de votos nas eleições de 2010 quando ainda se encontrava sub judice – desfilava num cenário político em que navegaria em céu de brigadeiro por muito tempo, com o “burro amarrado na sombra”, mas as mãos do destino e de Dilma Rousseff moldaram um novo cenário.
Ninguém na Paraíba poderia prever que, no desenrolar do primeiro mandato da presidente Dilma, a Paraíba seria aquinhoada com ministérios. Já tem um – o das Cidades – com Aguinaldo Ribeiro e pode abocanhar o segundo – o da Integração Nacional com Vital – cujo suspense pode acabar nesta segunda-feira (30).
Cássio não decepciona no exercício do mandato de senador, mas vive agora a pressão da maioria dos seus fiéis escudeiros, desejosos de quem ponha fim à aliança com o Governo de Ricardo Coutinho e retorne à planície como candidato à principal cadeira do Palácio da Redenção. É um dilema e tanto, como principal avalista da união que afastou Maranhão (PMDB) do sonho da quarta chegada ao Governo há cerca de três anos.
Seus dois adversários campinenses, que usufruem de imensurável prestígio no Palácio do Planalto, estão razoavelmente à vontade porque lutam com perspectivas distintas, ou seja, Aguinaldo compõe um partido que faz parte de um “blocão“ que pode até disputar o Governo do Estado, mas não tem grandes chances de obter vitória.
O senador Vital está praticamente na mesma situação, mas o nó do seu partido – o PMDB – é mais apertado. O irmão Veneziano caminha célere para ser ungido candidato, mas tem que espantar todos os fantasmas que aporrinham seu partido nas últimas disputas, pois perdeu em 2002 e 2006 para Cássio e em 2010 para Ricardo Coutinho, depois de um intervalo de glória em 2009 com uma vitória no tapetão.
Cássio tem muitas reflexões a fazer. Quantos continuarão no seu exército e quantos irão para Ricardo Coutinho? Pode ser candidato ao Governo fustigado por RC de um lado e os tradicionais adversários do outro? Vai manter a aliança com o Governador e enfrentar a impopularidade do projeto que concebeu? O senador tucano deve saber que o eleitor anistia uma série de desatinos dos políticos, mas não perdoa traições ás promessas e perseguições a quem sempre lhe deu apoio.