Um pastor de 40 anos, vestido de policial civil, dançava animadamente em um prostíbulo e gastava o dinheiro do dízimo com bebidas para as mulheres. Ele ainda portava uma faca na cintura, porque os seguranças acreditaram se tratar de um investigador e sequer o revistaram. A combinação surreal de situações foi flagrada em um bordel na entrada de Tramandaí, cidade do litoral gaúcho. “Um absurdo”, definiu o delegado Antonio Ractz. O religioso, que prega no bairro São Francisco II, é chefe de uma igreja pentecostal sediada em Cachoeirinha.
O delegado Ractz e dois agentes, de plantão no litoral norte, foram avisados que havia um policial civil agitando em um bordel, por volta das 3h30. “Fomos averiguar e logo avistamos o indivíduo com camiseta da instituição dançando na pista.” Ao ser abordado, o homem tentou enganar também os policiais. “Sou colega”, afirmou, em tom convincente. “Pedi a identificação e vi que, na verdade, ele tinha carteira de pastor.”
Livro-caixa da igreja e sirene de viatura
A revista no carro, um Onix, complicou ainda mais a situação do religioso. “Tinha uma sirene de viatura no banco, que foi apreendida junto com a faca e a camiseta. No veículo ainda havia o livro-caixa da igreja e várias gravatas. Andava bem vestido.” O dinheiro que gastava no prostíbulo, conforme o delegado, era do dízimo dos fieis.
Pregador alegou que roupa era para teatro
A alegação do pastor não convenceu o delegado. “Ele disse que estava usando camiseta da Polícia porque tinha participado de uma peça de teatro.” Para Ractz, o religioso queria é tirar vantagem com o uniforme, a começar pelo fato de não ter sido submetido à revista. Depois do depoimento, ele foi liberado. O delegado enquadrou o pastor no artigo 46 das contravenções penais, que trata do uso indevido de uniforme ou distintivo de função pública que não exerce. A pena deve ser doação de cestas básicas.
Fonte: Jornal NH
Créditos: Sílvio Milani