Para os especialistas, o sistema partidário brasileiro como um todo tem incentivado mais o aparato burocrático do que a ideologia das legendas. Na opinião do cientista político Jaules Menezes, quando essa tendência predomina, há risco de esvaziar a democracia dentro da sigla, que termina funcionando dentro de uma relação de poder. O resultado, segundo ele, é a aglomeração de filiados sem semelhanças de pensamento.
O cientista político Jaules Menezes ressaltou que há um debate político secular sobre a definição política de partido como aparato burocrático e como ideologia. “Os aparatos são os postos de comando, a hierarquia. Por essa definição, todo partido tem dono. Se essa tendência predomina, a consequência é esvaziar a democracia dentro do partido”, observou.
Jaules chamou a atenção também para o fato de o aparato burocrático ter seus instrumentos de poder, a exemplo do acesso ao tempo de televisão e ao Fundo Partidário. “São negócios”, destacou o cientista. “A ideologia passa a ser também um mero instrumento e discurso desse negócio, pois muitas vezes não é autêntica”, acrescentou.
No caso particular da Paraíba, Jaules Menezes ressalta algumas características políticas que terminam deixando explícito o aparato burocrático em detrimento da ideologia. Um desses pontos é o fato da polarização entre duas facções, lideradas cada uma por uma sigla. “Você percebe um partido mais um agregado de legendas. Na Paraíba isso é mais acentuado. A disputa passa mais pelas lideranças do que pela legenda”, afirmou.
Outra observação feita por Jaules com relação às características políticas paraibana é a falta considerável e vínculo ideológico entre o diretório local das legendas e as executivas nacionais. “O problema é que o sistema partidário brasileiro como um todo tem incentivado mais esse aparato burocrático do que a ideologia”, destacou.
Do Blog com Jornal da Paraíba