Partidos buscam alternativas após filiação de Agra

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Nonato Guedes

Com o rompante do ex-prefeito Luciano Agra, filiando-se ao PEN (Partido Ecológico Nacional) sem esperar que evoluíssem os entendimentos para seu ingresso nos quadros petistas, o Partido dos Trabalhadores na Paraíba começa a examinar, internamente, alternativas para a disputa majoritária em 2014. em paralelo com as discussões que monopolizarão atenções no Processo de Eleições Diretas para renovação de quadros dirigentes petistas. Agra vinha sendo cogitado como opção para figurar na vice-governança, uma vez que a vaga ao Senado poderia ser ocupada por Lucélio Cartaxo, irmão do prefeito da capital, Luciano Agra, e dirigente da CBTU. A cabeça de chapa seria reservada para o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, do PP, caso ele aceitasse o desafio de concorrer ao governo. O Palácio do Planalto já desencorajou Ribeiro, porém, de se aventurar à disputa pelo Palácio da Redenção, conforme noticiaram revistas e portais noticiosos do sul do país.

Agra tenta passar a impressão de que não fechou canais com o Partido dos Trabalhadores, mas, dentro do partido, é outra a leitura feita. Dá-se como caso perdido uma composição entre o PT e o PEN, até porque o Partido Ecológico ainda abriga parlamentares que são favoráveis ao governador Ricardo Coutinho (PSB), de quem os petistas alegam querer distância no páreo de 2014. Agra surpreendeu o PT com a sua deliberação de ingressar nos quadros do PEN, cujo presidente estadual, o deputado Ricardo Marcelo, que também preside a Assembléia Legislativa, tem relações de amizade com o senador Cássio Cunha Lima (PSDB) embora mantenha um relacionamento tenso com o governador Ricardo Coutinho. O golpe fatal para as pretensões de poder do PT no Estado pode ser dado se o PMDB resolver fazer uma aliança com o PEN, tendo o ex-prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital, como candidato a governador, e ficando Agra disponível para ser vice ou candidato a senador.

O PMDB teve o PT como parceiro em sucessivas disputas, recentemente, na história política do Estado. Em 2006, José Maranhão concorreu ao governo contra Cássio Cunha Lima tendo como vice Luciano Cartaxo. A chapa foi derrotada e só ascendeu emergencialmente ao Palácio em fevereiro de 2009 devido a uma decisão de Cortes judiciais em Brasília cassando o restante do mandato de Cunha Lima. Em 2010, Maranhão disputou novamente o governo, tendo como vice Rodrigo Soares, presidente estadual do PT. A chapa foi derrotada por Ricardo Coutinho, cujo vice foi Rômulo Gouveia. Em 2012, Maranhão concorreu à prefeitura de João Pessoa e ficou em quarto lugar. No segundo turno, declarou neutralidade entre as candidaturas de Luciano Cartaxo e Cícero Lucena, o que gerou um distanciamento a partir da vitória de Cartaxo, embora alguns deputados peemedebistas tenham apoiado o petista. Veneziano, que vinha cortejando o PT, aplaudiu a opção de Agra pelo PEN, acreditando que ele empurrará o partido para uma posição definitiva anti-ricardista. Mas Agra pode virar pedra no sapato de Veneziano, por também ambicionar disputar o governo do Estado, no que seria uma revanche direta contra o governador Ricardo Coutinho, que o adotou como vice na prefeitura de João Pessoa.

Uma fonte política experiente considerou “muito bagunçado” o quadro pré-eleitoral na Paraíba, observando que não está descartada a hipótese de Cássio Cunha Lima aceitar pressões e vir a sair candidato ao governo pelo PSDB. “Há muitas opções em jogo que ainda precisarão ficar bem enquadradas na fita. O que há, no momento, é muita especulação, e, há, também, interesse de alguns atores em se valorizar”, ressaltou a fonte, avaliando que teoricamente o único nome definido é o do governador Ricardo Coutinho, que afastou do PSB os que o contestavam e que pode dispor da legenda sem problemas para concorrer à reeleição, firmando alianças com agremiações que já estariam acostumadas a papeis secundários ou de coadjuvantes no cenário paraibano. Dentro da filosofia de que “pode acontecer tudo”, essa fonte não descarta nem mesmo uma aliança entre o PT e Ricardo, com as bênçãos do Planalto, se isto for útil ao projeto de reeleição de Dilma e se ficar configurado que Eduardo Campos, governador de Pernambuco, não será candidato a presidente da República.