Páreo indefinido

Rubens Nóbrega

Confesso que subestimei Maranhão, mas o candidato do PMDB surpreende na reta final e se credencia mais do que Cícero e um pouco mais do que Estelizabel para enfrentar Luciano no segundo turno das eleições para prefeito da Capital.

Até ser divulgada ontem à noite pela TV Cabo Branco a última pesquisa Ibope do primeiro turno em João Pessoa, se alguém me chamasse para apostar como ficaria o G-4 eu cravaria a seguinte classificação: Luciano, Cícero, Estelizabel e Maranhão.

Acreditava mesmo que nessa pesquisa a candidata do governador Ricardo Coutinho já apareceria à frente do ex-governador, em razão de a campanha majoritária do PSB ser de longe a mais rica e mais bem estruturada do pleito atual.

Não acreditava, de outro lado, que Estelizabel se aproximasse de Cícero nas intenções de voto ao ponto de ameaçar um segundo lugar que o colunista até este sábado julgava garantido para o candidato do PSDB.

Mas, pelo visto, o tucano pode até perder o terceiro lugar pra ela, que também pode atropelar Maranhão, graças ao rolo compressor governista que se pôs em marcha nessa última semana de campanha em favor da candidatura socialista.

Não é segredo pra ninguém que a ‘máquina’ captadora de votos opera a todo vapor e a plena carga desde ontem. E deve jogar toda a sua força no dia de hoje para forçar um resultado positivo para o futuro político do governador.

Resumindo, apesar de o Ibope sinalizar uma chance de Maranhão ser o adversário de Luciano no segundo turno, o páreo final deve ficar em aberto até a abertura das urnas e contagem dos votos no começo da noite deste domingo.

É muito ‘pode’, desculpem, mas é assim mesmo. Porque tudo é possível. Pesquisa não é eleição nem colunista é profeta. Assim, tanto pode dar Luciano X Maranhão como Luciano X Cícero ou Luciano X Estelizabel. Nessa ordem.

Futuro de Ricardo em jogo

Será trágico para Ricardo Coutinho se ele não conseguir colocar Estelizabel no segundo turno. Será muito pior do que seria perder a própria eleição, porque pelo menos teria derrotado no primeiro turno os seus dois maiores adversários – Cícero e Maranhão.

Ficar em terceiro ou quarto lugar nessas eleições deixará o governador extremamente fragilizado não apenas para disputar a reeleição em 2014. Ele terá muita dificuldade para continuar governando o Estado, porque voltará à cena política – e com todo o gás – o projeto do seu impeachment.

É certo que se hoje um mais um não der 40, mas a velha soma, o resultado adverso deste domingo aumentará sobremaneira a dependência de Ricardo Coutinho de uma base aliada que em sua grande maioria é cassista, não ricardista.

O inverso também me parece bastante plausível. Vencendo na Capital, Ricardo readquire e aumenta a sua competitividade para 2014, vai cantar de galo pra cima de Cássio Cunha Lima e governará de forma mais imperial e absolutista possível.

“Cabeludo vai bater a parada”

Com base nas intenções de voto apuradas nos três últimos dias, o próprio Ibope prevê que o crescimento da candidatura de Tatiana Medeiros, do PMDB, deve levar a disputa para o segundo turno em Campina Grande.

Se a Doutora for mesmo adiante, não se admire a Vila Nova da Rainha repetir neste 2012 o fenômeno de 2004, quando os Cunha Lima tinham a seu favor o favoritismo, o Governo do Estado e mesmo assim perderam as eleições municipais.

Perderam para um jovem e cabeludo vereador chamado Veneziano Vital. Agora prefeito em segundo mandato por consagradora reeleição, ele também sonha morar um dia na Granja Santana, de preferência a partir de 1º de janeiro de 2015.

Por esse sonho, o Cabeludo também jogou pesado nessa peleja e mais pesado ainda deve entrar no segundo turno para reverter um quadro que lhe é bem mais desfavorável do que há oito anos.

Não apenas porque não está ele em causa diretamente, mas por concorrer através de uma candidatura que construiu de forma bem semelhante àquela que Ricardo Coutinho formatou a de Estelizabel Bezerra na Capital.

Pra complicar, olhando a circunstância ou a conjuntura atual, evidente que Romero Rodrigues, o candidato do PSDB, está bem melhor na fita do que estava o seu antecessor no projeto tucano para reconquistar a Prefeitura campinense.

O antecessor a que me refiro atende pelo nome de Rômulo Gouveia, atual vice-governador, que perdeu três turnos seguidos nos dois grandes confrontos diretos entre Veneziano Vital e os Cunha Lima.

De modo que dessa vez é muito difícil, mas não impossível acontecer o que um amigo meu vive dizendo desde que Tatiana começou a crescer nas intenções de voto. “O Cabeludo vai bater a parada”, aposta ele.

Não deixe de votar hoje

Desde que me entendo eleitor, jamais deixei de comparecer às urnas e votar em algum(a) candidato(a). Voto nem que seja no menos ruim, sempre na esperança de que a minha escolha soma para impedir a vitória do pior.

Penso ainda que não votar, votar nulo ou em branco é um ato de nulidade diante de um sistema eleitoral como o que temos e, sobretudo, da nossa democracia representativa que nos coube até aqui.