Parceria entre público e privado preocupa MP

As frequentes notícias de problemas envolvendo a relação entre poder público e iniciativa privada têm suscitado discussões sobre a sua legalidade. O aumento da necessidade de evolução e modernização nos serviços públicos tem exigido adequações na administração pública, e daí porque o relacionamento entre governos e iniciativa privada.

O setor público necessita de agentes privados para complementar a produção de bens e serviços. Isso ocorre por meio de compra de produtos, contratação de serviços e concessões públicas, dentro de regras bem definidas na legislação. Mas o que se vê é o desrespeito à lei, fomentado pela impunidade, segundo revela o procurador-chefe do Trabalho, Eduardo Varandas.

De acordo com ele, a constatação de que existe impunidade leva os gestores a praticarem irregularidades, apesar de haver leis severas para inibir, especialmente a Lei de Improbidade Administrativa (8.429/92), que prevê perda do cargo, cassação dos direitos políticos e condenação de restituição ao erário. “Mas a regra geral continua sendo a da impunidade. E, por essa impunidade, os administradores se sentem à vontade para fazer o que bem entendem, muitas vezes, turvando a própria lei. A impunidade é a regra porque lamentavelmente nem a própria sociedade cobra”, lamentou Varandas.

Entre os problemas mais comuns estão licitações viciadas, com indícios de irregularidades, com desvio de verbas, favorecimentos, ilicitudes, irregularidades em concessões públicas, empresas privadas contratadas sem o respaldo de órgãos do controle externo, tais como o Ministério Público.

A relação do setor público com ONGs e Oscips, por exemplo, foi questionada pelo Tribunal de Contas do Estado, por discordar da forma de contratação. “A forma de contratação era errada: um ente privado que vai fazer um trabalho para o governo tendo um percentual sobre o valor gasto, isso não está previsto em nenhuma legislação”, explicou o conselheiro Fernando Catão, presidente do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB).

A administração pública que abrange todos os serviços não tem eficiência, princípio presente na Constituição Federal. Por isso, tem-se buscado a descentralização administrativa e procurado técnicas mais modernas para estabelecer essa relação entre o poder público e iniciativa privada. “São complementares, nem o setor privado pode viver sem as regulações e as
funções inerentes ao poder público, nem o poder público pode viver sem o setor privado, mais ágil e competitivo”, disse o presidente do TCE, conselheiro Fernando Catão.

Do Blog com JP Online