Paraíso dos bandidos

Rubens Nóbrega

Os bandidos que atuam no ramo de assalto à mão armada devem adorar os governos de Ricardo Coutinho, no Estado, e de Luciano Agra, na Capital.

Um, porque não oferece à população policiamento ostensivo digno desse nome; o outro, porque não oferece à população iluminação pública digna desse nome.

Falta de policiamento e escuridão nas ruas são os principais ingredientes do prato cheio que o poder público omisso e inoperante serve todo dia à bandidagem.

Que o digam, por exemplo, os freqüentadores dos cultos da Igreja Cidade Viva, no Bessa, principalmente nas quartas, sábados e domingos à noite.

A facilidade para assaltar é tamanha que em volta da Cidade Viva e no entorno da igreja o pessoal virou ‘freguês’ de uma mesma dupla de ladrões.

Os assaltantes trabalham de moto e geralmente abordam suas vítimas quando elas saem do culto e vão pegar o carro em estacionamentos às escuras.

De tão manjados, os bandidos já foram apelidados de O Gordo e o Mago, porque um seria realmente gordo e baixo e o outro, algo e magro.

Em tempo: não se trata de qualquer referência subliminar a quaisquer outros meliantes com massas corpóreas e perversidades assemelhadas.

Mas nem essa descrição motivou algum trabalho de investigação policial, a julgar pela freqüência com que a dupla vem atuando no pedaço.

Uma das vítimas mais recentes dos facínoras, a filha de um oficial do Corpo de Bombeiros, perdeu carro, bolsa, dinheiro, documentos e a paz.

A continuar do jeito que vai, é bem possível que a Cidade Viva seja obrigada a criar em breve um novo ministério.

O de socorro espiritual aos traumatizados pela apavorante experiência de terem uma arma apontada para suas cabeças.

Ou de socorro espiritual aos decepcionados, frustrados e impotentes diante da insegurança pública que é marca dos governos girassolaicos.

Candidato a imperador
Sob esse título, o poeta José Virgolino de Alencar cometeu quadrinhas interessantíssimas nas quais dá conselhos sensatos e proveitosos “a um candidato a imperador”. Apreciem um pedacinho, só por degustação:

– Queres ser rei, em tudo mandando?/Não insista em caminhar por essa estrada,/Via sem rumo, troncha e esburacada;/Não vês o passo errado que estás dando.

(…)

– Triste é também a clara impressão/De desviada e estranha personalidade/Que age ao impulso da pura maldade,/Fruto de conturbada psíquica emoção.

***

Ouso discordar somente de uma coisa: se for quem estou pensando, o cara não é candidato a imperador. Ele se sente o próprio.
Ah, mas quem quiser ler a obra completa de Virgolino terá que acessar o blog do autor no seguinte endereço: (josevirgulinoalencar.blog.uol.com.br).


Um barco à deriva

Do auditor fiscal Amadeu Robson Cordeiro, em mais um de seus admiráveis escritos, intitulado ‘Receita-PB: um barco à deriva’, sobre o momento triste e tenso por que passa a Paraíba:

– O barco paraibano da Secretaria da Receita faz água, está à deriva. Sim, esta frase sintetiza a sensação que predomina na Paraíba, dando substância à teoria, mais que comprovada e fortalecida, de que não temos no comando alguém (nem de longe) capaz sequer de entender a gravidade da situação a que chegamos. E muito menos de enfrentar, com algum grau de autonomia, o desafio brutal que é tocar esse barco pesado e perigoso, que pode a qualquer momento se transformar numa Nau Catarineta.

Empreguismo ricardista

Faltou dizer na coluna sobre o recorde de empreguismo do Ricardus I, publicada anteontem, que entre janeiro e agosto deste ano o atual governo contratou, além de 15.718 prestadores de serviço, nada menos que 1.462 comissionados.

Com isso, o número de prestadores de serviço alcançou a marca de 29.207 contratados e o de comissionados chegou a 3.700, obrigando o Estado a despender mais R$ 23.645.813,85 para pagar uma folha que bateu na casa dos R$ 213 milhões.

Esses dados foram extraídos pelo ClickPB no Sistema Sagres do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Estão ao alcance dos olhos e consciência de qualquer cidadão que tenha um computador na mão e um mínimo de curiosidade no juízo.

Acessando o Sagres, o contribuinte poderá conferir se é verdadeiro ou não o discurso do monarca que se elegeu governador prometendo acabar com o empreguismo e o clientelismo que sangram o erário e emperram a administração estadual.

Por essa e outras, fica muito difícil não concordar com o escritor Eilzo Matos quando ele diz que Ricardo Coutinho “não é diferente coisa nenhuma”, pois seria “igual a muitos e pior do que todos”.