Opnião

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: Capela do antigo Engenho da Graça - Por Sérgio Botelho

Entre os anos de 2008 e 2012, a operosa e bem-sucedida Oficina Escola de Revitalização do Patrimônio Cultural de João Pessoa realizou, com recursos da Lei Rouanet e apoio da Cimentos do Brasil Ltda

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: Capela do antigo Engenho da Graça - Por Sérgio Botelho

Entre os anos de 2008 e 2012, a operosa e bem-sucedida Oficina Escola de Revitalização do Patrimônio Cultural de João Pessoa realizou, com recursos da Lei Rouanet e apoio da Cimentos do Brasil Ltda (Cimpor), mais uma intervenção de grande significado histórico: a prospecção arqueológica e a revitalização da marcante capela do antigo Engenho da Graça.

No referido engenho, para a produção de derivados da cana de açúcar, era utilizada uma rústica aparelhagem, justamente movida a água. A região é de uma beleza extraordinária, ainda hoje, e fica encravada, na condição de área rural, em plena urbe pessoense, encostada à Ilha do Bispo, rodeada por Trincheiras, Cruz das Armas, Alto do Mateus e Distrito Mecânico.

Vizinho ao engenho, desde 1933 opera uma fábrica de cimentos que, quando pertencia à Portland (logo no início, portanto), adquiriu a área do antigo engenho. No momento da revitalização, a Cimpor era a proprietária. O templo católico é de tanta valia arquitetônica que foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde o ano de 1938.

De acordo com o órgão federal, “a capela fazia parte da casa grande, que começou a ser demolida junto com a sacristia em 1940. A fachada apresenta óculo chanfrado e o frontão é adornado por volutas de cantaria. No interior o forro é abobadado. O altar tem retábulo de pedra pintado, e acima deste vê-se composição formada por pássaro bicéfalo, ladeado por dois anjos que seguram uma coroa”.

Sobre a construção da igreja, o Iphan diz que ela foi provavelmente erguida pelos jesuítas, antes de serem expulsos do Brasil, pelo Marquês de Pombal, em 1759. Como a expulsão foi acompanhada do confisco e da venda a terceiros das propriedades jesuíticas, ao longo do tempo as terras da Graça (que tem ainda, entre seus símbolos, o velho Estádio Leonardo da Silveira ou Estádio da Graça) mudaram de dono, muitas vezes.

Nas primeiras décadas, permaneceram nas mãos de padres, a exemplo de João Nunes Bulhões e João da Silva Teles. Depois, teve como proprietários o mestre de Campo e governador da capitania Antônio Borges da Fonseca, Luís Inácio de Albuquerque Maranhão, Godofredo Miranda Henriques e a Diocese da Paraíba.

Enfim, foram compradas pela Portland. Em frente à capela há um singelo lago a compor uma paisagem bucólica e bela na cidade de João Pessoa. Não é coisa para ficar escondida.

(A imagem à esquerda foi capturada de um vídeo produzido pela TV Cidade, em 2021, intitulado “Histórias da Cidade-Conheça a Capela da Graça”, que se encontra no You Tube. À direita, mapa do Google mostrando a localização do templo)

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba