PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: A rua Direita - Por Sérgio Botelho

Aprecio caminhar pela antiga Rua Direita, hoje Duque de Caxias, verdadeiro museu a céu aberto a contar parte da história de João Pessoa. A rua, que abriga o maior número de construções antigas ainda preservadas na cidade, mantém parte da memória urbana, incluindo os tempos coloniais. Seu prédio mais velho, a Igreja da Misericórdia, é marco da arquitetura religiosa local e testemunha de séculos de transformação. Em suas extremidades, ela é referenciada por dois dos mais importantes conjuntos arquitetônicos da cidade: o Franciscano, ao norte, e o Jesuítico, ao sul, nesse último caso, onde funcionou o antigo Palácio do Governo e onde ainda existe a tradicional Faculdade de Direito, na atual Praça João Pessoa. Outro destaque é o solar do Conselheiro Henriques (foto), elegante prédio colonial que marca a esquina com o antigo Beco do Carmo (rebatizado com o nome do conselheiro), da era dos sobrados e solares do centro histórico. A rua também situa a Praça Rio Branco, uma das mais antigas da cidade e sempre voltada a funções civis, acolhendo, ao longo dos séculos, instituições como a Cadeia, o Pelourinho, o Tesouro, Residência dos Capitães Mores, Assembleia Legislativa, Justiça, Casa da Câmara e Correios. Além de suas construções icônicas, a Rua Direita foi, por muito tempo, o coração cultural e social da cidade. No início do século XX, seus edifícios abrigaram salas de cinema importantes, como os Cines Pathé, Rio Branco e Rex. A via também foi cenário de grandes eventos cívicos e festivos, incluindo desfiles e carnavais notáveis. Ali também funcionaram importantes clubes sociais, como o Clube dos Diários, Astrea, Cabo Branco e Botafogo, que reuniam parte da elite da cidade. Relevante lembrar que foi na Duque de Caxias onde nosso poeta maior, Augusto dos Anjos, namorou Ester Fialho, com quem foi casado até a sua (do poeta) morte. O casario da rua reflete a diversidade arquitetônica de João Pessoa, com exemplares que vão do colonial ao Art Nouveau e ao Art Déco, testemunhando as mudanças de gosto e estilo ao longo dos séculos. Como um dos berços da cidade, a antiga Rua Direita verdadeiramente emociona!

Sérgio Botelho

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.