PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: A praia de Santo Antônio - Por Sérgio Botelho

Nada do que a região de Tambaú é hoje se parece com o que foi durante séculos, mesmo os primeiros da colonização portuguesa. A não ser a própria praia e suas ondas e conformação das areias, ainda que, um dia, maculadas com a construção do Hotel Tambaú, no início da década de 1970. Nascida à beira do Sanhauá, a cidade só veio chegar para valer, como opção urbana de caráter massivo e propício para moradia e negócios, a partir da pavimentação da Epitácio Pessoa, na década de 1950. Nos finais do Século XIX e início do XX, o que foi se desenhando no litoral pessoense tinha mais ligação com sítios, fazendas, vacarias e algumas pioneiras casas de veraneio. E, claro, com pescadores. De forma mais específica, com referência ao local preferido pelos pescadores, até hoje, representado pelo Largo da Gameleira e, ainda, pelas areias onde está assentado o já referido Hotel Tambaú, o que ali existia tinha o nome de Praia de Santo Antônio. Como lembrança da época, além de um pequeno edifício denominado justamente de Santo Antônio, a herança mais forte, do ponto de vista afetivo, é a Igreja de Santo Antônio, padroeiro garantido de Tambaú por força da tradição dos pescadores locais. Sua atual versão, moderna e vistosa, está longe da rusticidade que marcou a construção inicial. O curioso é que sendo São Pedro tradicionalmente padrinho dos pescadores, tenha Santo Antônio vingado, certamente pela tradição de protetor dos humildes. (Convém anotar que a devoção dos pescadores a São Pedro, em Tambaú, se mantém até os dias de hoje, na forma de uma procissão de barcos que, originada na praia da Penha, chega a Tambaú e tem continuidade a pé e de carros, até a Paróquia de São Pedro Pescador, em Manaíra). É tradicional o pão de Santo Antônio, que remonta à vida do próprio santo. Trata-se de um santo português natural de Lisboa, e que viveu no Século XII, mas com exercício religioso na cidade italiana de Pádua, onde faleceu. Conhecido por sua compaixão pelos pobres, Santo Antônio frequentemente distribuía pão aos necessitados. Assim, virou padroeiro de Tambaú, certamente em função das enormes dificuldades vividas pelos pescadores locais em sua trajetória histórica.Igreja atual e a mais antiga.