Para que serve esse tal de PEN

Glivan Freire

O Brasil tem uma das mais anárquicas estruturas partidárias do mundo, não só porque tem regras flexíveis para a criação de partidos, como pouco se exige para que eles funcionem bem.

É impossível o aperfeiçoamento da democracia quando o regime é obrigado a conviver com organizações políticas não apenas frágeis, mas descomprometidas com as grandes causas da sociedade e sem um mínimo de afinidade com as políticas públicas do Estado.

Em qualquer país desenvolvido do mundo onde o regime político seja plural e de liberdades plenas, as organizações partidárias exprimem uma vontade de setores da população ou se vinculam a interesses da nação. Assim é possível ter um partido da ecologia, outro da causa operária, outro de natureza nacionalista, ou comunista, ou evangélico, ou católico, ou de combate a corrupção, especificamente, o que seria, neste caso, muito desejável. Via de regra, a fundação de um partido temático é precedida de um movimento social setorizado, liderado por pessoas notabilizadas pela militância em torno dessas causas.

No caso do Brasil, embora haja partidos fundamentalistas, como é o caso do PT, organização tida como o braço político dos sindicatos dos trabalhadores, e o PC do B, entidade criada pelos velhos comunistas abrigados no antigo PC, os demais partidos são amorfos, muito embora o PMDB, PSDB, PSB, PDT e DEM tenham verniz ideológico mais ou menos definido, sem contar que o partido Verde tem buscado construir um perfil vinculado às questões ecológicas.

No mais, os partidos servem para desmoralizar a vida pública, enxovalhar a democracia e favorecer a seus donos, como se fossem instituições exclusivamente privadas cuja finalidade é gerar dividendos a seus controladores.

NO CASO DO PEN LOCAL, recém criado, a história é outra, porque ninguém precisa ingressar nele entendendo de ecologia, mesmo que o partido tenha denominação ecológica.

De qualquer forma, enquanto a Justiça Eleitoral contribui, no Brasil, para que a promiscuidade política aumente, criando regras eleitorais no lugar do Congresso e abrindo várias janelas para cada porta que fecha, na Paraíba é por uma dessas janelas que entram vários deputados ameaçados por um predador ambiental voraz, RC, o comedor de seres vivos, entre os quais as suas próprias crias.

A Assesmbleia tornou-se o alvo visado por RC, porque ali moram raposas astutas, lobos famintos e elefantes pesados de difícil manejo, zebras noviças, onças indóceis, touros bravios, cordeiros manhosos e burros de carga… (desculpem, burros mesmo não tem nem um), todos agindo em manada para enfrentar as limitações do meio ambiente: a escassez de víveres, a ausência de água abundante e o mal tempo.

Mas vem por ai uma reação contra os avanços do inimigo mortal, aquele que tira e bebe o sangue dos outros, come carne viva, expurga quem chega por perto, amordaça presas menores e toca fogo no pasto quando tiver de dividi-lo com outros ruminantes. Animais desse tipo, como ocorre com os temíveis leões, só podem ser atacados por grupos ou bandos.

O PEN da Paraíba é como se fosse uma parede vegetal que protege certas espécies contra os ventos destruidores em tempos de tempestades. Ou então como um exército de feras que para proteger-se e oferecer segurança aos demais armam um circulo na savana e colocam um desafiador no meio, e fecham a argola, só para ver o que sobra dele.

E quem ainda acha que esse novo partido nada entende de ecologia? Não é melhor procurar entendê-lo?