Papelão de Agra no Recife

Rubens Nóbrega

Na coluna de ontem contei a história de que o prefeito Luciano Agra, de João Pessoa, teria recorrido ao governador Eduardo Campos, de Pernambuco, para demover Ricardo Coutinho de continuar vetando o nome do nosso alcaide como candidato do PSB à reeleição na Capital paraibana.

Ontem mesmo recebi a confirmação do encontro, mas de outra fonte, tão acreditada quanto a primeira. A diferença é que essa trouxe relato de quem assistiu à cena do encontro entre Agra e Campos e, pelo que vocês vão conferir logo mais, foi patética a abordagem do nosso prefeito. Um verdadeiro papelão. Acompanhem.

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Prezado Rubens, pessoa da minha intimidade me contou que viu, em Recife, o prefeito Luciano Agra, que ele não conhecia. E em uma circunstância insólita. O fato aconteceu 5ª feira passada, no Hotel Transamérica, na capital pernambucana.

Ali estava havendo um evento, presidido pelo governador Eduardo Campos, de anúncio público de uma parceria público-privada de R$ 4,5 bilhões entre a Compesa (a Cagepa de lá) e as maiores empreiteiras do Brasil.

Pois bem, quando o governador de Pernambuco terminou o seu pronunciamento e estava sendo entrevistado pelos jornalistas, inesperadamente dele aproximou-se um cidadão usando chapéu Panamá e cumprimentou entusiasticamente Eduardo Campos dizendo alto e bom som: “Governador, eu quero disputar a reeleição!”.

Eduardo, matreiramente, apenas sorriu e afirmou: “Este é o prefeito de João Pessoa, Luciano Agra”. Em seguida, retirou-se para outros compromissos.

Sem ter o que fazer, o prefeito pessoense, acompanhado de dois ou três assessores, aproveitou a boca livre e serviu-se do almoço oferecido pela Compesa, para o qual, registre-se, não havia sido convidado.

Devassa na Cagepa

Do alto da sua soberba e do seu autoritarismo, o governador Ricardo Coutinho tenta convencer que os questionamentos aos seus atos, vontades e projetos são crimes de lesa majestade e, por natural agravante, crimes contra a Paraíba.
No caso da Cagepa, por exemplo, se alguém pede que os esclarecimentos sobre a real situação financeira da Companhia sejam dados antes de a Assembleia aprovar o aval ao empréstimo de R$ 150 milhões, ele diz que esse alguém quer quebrar a empresa por pura mesquinharia política.

Sinto-me particularmente insultado em minha pouca inteligência quando ouço, leio ou vejo Sua Majestade falando essas coisas. Primeiro porque governo e Cagepa têm obrigação de prestar tais esclarecimentos; segundo, porque o que a gente ouve, lê e vê do lado oficial é uma barafunda de números e informações incongruentes.

E ainda querem que a gente não pergunte nem cobre explicações? Ah, tenha paciência! Pois saibam que se já estava preocupado, fiquei ainda mais ontem, depois de ouvir um dirigente sindical afirmar categoricamente que a Cagepa tem a receber nada menos que R$ 250 milhões de seus devedores.

Por que a Cagepa não cobra pra valer essas dívidas ou, pelo menos, não faz acordo pra receber boa parte dessa fortuna? Por que a Cagepa não responde (em plena vigência da Lei de Acesso à Informação) às perguntas que enviei semana passada e que amanhã vou reproduzir aqui?

Afinal, pra que é mesmo esse empréstimo, se o propalado rombo, que ninguém sabe nem diz direito quanto é, poderia ser resolvido com a cobrança daqueles créditos?

Diante de tanta dúvida e de tanta falta de esclarecimento e informações, vou nem mais falar em auditoria. Agora, penso que só uma devassa na Cagepa resolveria, começando pela folha de pessoal, onde seriam investigados os supostos privilégios e super-salários de alguns de seus dirigentes e técnicos.

De arguto observador

Rubens, quando Deusdete Queiroga passou a responsabilizar durante sua presença na Assembleia Legislativa, nesta terça-feira (29), os ex-governadores Cássio Cunha Lima (PSDB) e José Maranhão (PMDB) pelo endividamento da Cagepa, não levou em consideração o período em que ele mesmo esteve à frente daquela empresa como diretor administrativo e financeiro.

Responsabilizando o ex-governador Maranhão, o atual Presidente da Companhia, demonstra, claramente, que na qualidade de ex-Diretor da Cagepa também teve participação neste endividamento.

Cruz Vermelha esclarece

Recebi documentos nos quais a Cruz Vermelha, gestora do Hospital de Trauma de João Pessoa, aparece como fraudadora de vínculo empregatício de pessoas desempregadas que, por conta disso, deixaram de receber seguro desemprego.

Encaminhei ontem a denúncia à Assessoria de Comunicação do HT e, prontamente, em poucas horas, pela primeira vez, recebi os esclarecimentos solicitados por i-meio e telefone. A história é no mínimo curiosa. Vou torná-la pública amanhã.