Movimento Brasil Livre

Padrinho político de Líder do MBL, é condenado por desvios de 4,6 milhões

APADRINHADO

“A partir de agora começamos uma nova fase na luta pela renovação da política e das instituições brasileiras”, postou o jovem ativista do Movimento Brasil Livre, Fernando Holiday, em sua página no Facebook, durante o lançamento de sua pré-candidatura para vereador de São Paulo, pelo DEM.
Na foto, Holiday estava ao lado de seu colega de grupo, Kim Kataguiri, além do seu padrinho político, o deputado e líder do DEM na Câmara dos Deputados, Pauderney Avelino.
Vendo os aliados do ativista “anti-corrupção”, não parece ser uma renovação muito diferente das que o brasileiro já se acostumou a presenciar na política.

POSTAGEM
Para começar, o seu próprio padrinho político é um velho conhecido do radar da corrupção na política brasileira.
Em uma reportagem da revista VEJA, utilizada por grupos como o próprio MBL como “fonte confiável de notícias”, denunciou o recebimento de R$250 mil durante campanha de Pauderney em 2014 por empresas envolvidas na operação Lava Jato. As doações, consideradas legais e até mesmo registradas, não foram reconhecidas pelo próprio deputado: “Tenho que ver direito isto, porque não me lembro desta doação”, disse Pauderney na época para a revista do grupo Abril. Mas o histórico do deputado e líder do DEM vai muito além disso.

Em março deste ano, o deputado foi condenado a devolver cerca de R$4,6 milhões desviados em contratos ilegais superfaturados de aluguéis de imóveis para escolas. A condenação partiu do Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), incluindo uma multa de R$23 mil. Segundo auditoria realizada pelo TCE, Avelino praticou sobrepreço nos contratos de aluguéis de prédios usados como escolas no período em que foi secretário de Educação de Manaus.
A conselheira do TCE-AM Yara Lins apontou seis irregularidades praticadas por Pauderney, como falta de regularização do imóvel alugado junto à prefeitura e ao Corpo de Bombeiros, ausência de certidão negativa de ônus e negativa de tributos, falta da declaração de Imposto Territorial Rural ou IPTU, além de falta de certidões necessárias à celebração dos contratos.
Poucos dias depois, após uma forte pressão da defesa do deputado, a Justiça acabou cancelando a multa de R$4,6 milhões que Avelino teria de devolver para os cofres públicos. A decisão causou indignação em sua terra natal.
Em 2001, Pauderney ainda foi investigado pela participação em uma gravação montada para envolver o então senador Jader Barbalho (PMDB) e o então deputado estadual Mário Frota (PDT-AM) em uma cobrança de propina fictícia. Na época, o autor da gravação, Nivaldo Marinho, ex-assessor de Frota, disse em depoimento à Polícia Federal, em Manaus, que Pauderney ajudou na montagem.

Com a ajuda de Pauderney, Holiday conseguiu espaço nas inserções do partido no horário gratuito destinado ao DEM, além de ter se deslocado até São Paulo para garantir sua presença no evento de lançamento do ativista do MBL.
Além de seu padrinho, outro político com histórico sujo compareceu ao evento do ativista: o deputado do PMDB, Darcisio Perondi.
Em 2004, ele ficou nacionalmente conhecido após ter cobrado consultas de pacientes no Sistema Único de Saúde, o SUS. O Ministério Público Federal abriu uma Ação Civil de Improbidade Administrativa contra o médico e deputado federal. Junto com outras 13 pessoas, ele cobrou consultas médicas de pacientes enviados pelos munucípios vizinhos para atendimento no SUS.
Além disso, em ação do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS), o deputado do PMDB teve suas contas de 2002 rejeitadas?—?referentes às eleições daquele ano.
Mas Holiday não é o primeiro pré-candidato para vereador do Movimento Brasil Livre a se infiltrar em grupos políticos dominados por investigados em corrupção.
O fundador do grupo, Rubinho Nunes, é pré-candidato à prefeito da cidade de Vinhedo, no interior de São Paulo, pelo PMDB?—?segundo partido mais citado na Operação Lava Jato. Assim como Holiday, Nunes conseguiu montar sua base política através de alianças com políticos locais investigados?—?e até mesmo condenados?—?, além do apoio de empresários que respondem na Justiça por conta de processos trabalhistas.
Parece que o ativismo “anti-corrupção” virou um ótimo negócio. E até mesmo os investigados e condenados entraram na onda.
Créditos: Plantão Brasil