Os trilemas de RC e Agra

Gilvan Freire

O melhor instante de um adversário político é quando o outro estiver em seu pior momento. É a partir daí que serão mostradas as boas e corretas estratégias de cada um.

Em João Pessoa, hoje, Luciano Agra luta contra inimigos políticos capitais. Um deles é ele mesmo, o peixe político que foi criado em águas doces mas colocado em aquário salgado. O outro inimigo é o cargo, que ele quer para si mas RC quer para si também. Luciano ainda não demonstrou que tem maioridade para emancipar-se do amigo e chefe. Termina por não ser nem empregado, nem patrão. E o povo não identifica nele um autônomo. Por fim, Luciano tem como seu maior adversário exatamente seu maior benfeitor, RC, o dono do cargo que Luciano nunca pensou em ter e nem tem mas pretende tê-lo, ou pretende não perder a chance de tê-lo.

É um trilema: RC quer Luciano porque continua com a prefeitura que poderia não ter mais; Luciano quer ter o que RC tem mas não deveria ter; e os dois querem o que deveria caber a um só, uma prefeitura que deve pertencer a um prefeito apenas.

Ao povo, a quem cabe solucionar lemas, dilemas e trilemas, interessa saber quem será o prefeito, porque na atualidade nem Luciano Agra sabe explicar direito o que está sendo e nem RC o que ele deveria ser. RC pode achar que Luciano ainda não foi votado para ser prefeito. E ele o foi em 2008.

A OPOSIÇÃO TEM A FACA E O QUEIJO

Essa confusa relação entre a Prefeitura e Ricardo Coutinho, está levando o governador a ter de governar os problemas dos dois lados. Mas o maior de todos ainda é ter de perder um dos dois. Ele achará que a culpa é de Luciano. E Luciano achará que é dele.

Segundo as pesquisas de intenção de votos contratadas pelo Sistema Paraíba de Comunicação, Luciano é um administrador razoável, mas como candidato tem menos de 1 terço da preferência dos eleitores ouvidos. Apesar de ocupar o cargo de prefeito e de ser liderado e orientado por RC, é o 3º colocado entre os supostos candidatos listados. É uma fragilidade muito grande. Os dois mais fortes presumíveis candidatos de oposição, Zé Maranhão e Cícero, têm juntos mais de 2 vezes e meia as intenções de votos manifestadas em favor de Luciano, ou seja, o grande candidato do setor duplamente governista. Ele e RC estão se afogando abraçados, mas não morrerão na mesma enchente.

Mas quem está por trás desse movimento oposicionista tão devastador? Certamente ainda não são os líderes políticos e nem os partidos. É um movimento popular, em sua maior fração comporta por servidores públicos e seus familiares. Eles não querem apenas cortar o cordão umbilical que une a prefeitura a RC, querem afogar Luciano primeiro para afogar RC depois.