Os quatro turnos de Luciano

Rubens Nóbrega

Se amanhã as urnas de João Pessoa confirmarem Luciano Cartaxo como futuro prefeito da Capital da Paraíba tenham a certeza de uma coisa: a vitória do candidato do PT não terá sido construída em apenas dois, mas em praticamente quatro turnos.
De todos aqueles que disputaram as eleições 2012, Luciano foi o único obrigado a vencer, primeiro, os próprios correligionários, antes de encarar e bater os adversários. Isso aconteceu porque muitos petistas preferiam manter o partido no papel de coadjuvante na fita em que Ricardo Coutinho é o artista principal.
A peleja foi tamanha que Luciano precisou submeter seu nome a uma espécie de prévia partidária na qual a sua tese de candidatura própria enfrentou a proposta de o PT no máximo atuar como um auxílio luxuoso à coligação encabeçada pela candidata do governador, Estelizabel Bezerra.
A guerra intestina no PT da Capital somente esboçou um lado vitorioso no encontro do partido realizado em 25 de março deste ano. Naquela data, 1.497 petistas votaram pelo lançamento da candidatura de Luciano a prefeito, contra 1.226 que apoiavam firmemente a submissão petista ao PSB.
Apesar dos mais de 200 votos de maioria, a candidatura própria ainda teve que passar pela peneira de delegados partidários reunidos em 10 de junho e o candidato, por uma inusitada tentativa de constrangimento patrocinada por ‘velhos companheiros’.
Nesse segundo turno da batalha petista, travada no Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações (Sinttel), um reduzido grupo remanescente de petistas ricardistas vestiu-se de palhaço, fez muita zoada e um protesto que conseguiu, no máximo, oscilar entre o risível e o patético.
De qualquer modo, a pantomima ganhou espaços generosos na mídia sob controle da Granja Santana e a serviço de ridicularizar um PT que davam na conta de uma legenda ‘conflagrada’, rachada em mil pedaços, com militância dividida e um candidato ‘fraco’, incapaz de (re)unificar o partido.

Mil dificuldades desde sempre
Não se deve esquecer que mesmo antes do encontro de março, no qual a maioria do partido aprovou a candidatura própria, por muito pouco a direção partidária municipal petista não conseguiu matar o projeto Luciano Cartaxo no nascedouro.
Foi luta identificar quem poderia votar na prévia. Os lucianistas tiveram também muita dificuldade para regularizar filiados em débito com a tesouraria do PT e no dia 5 daquele mês a sede do Diretório Municipal virou um ringue de luta livre.
Episódios assim deveriam ter dado muito gás e argumentos a quem precisava enfraquecer o PT para impedir a candidatura de Luciano, mas a estratégia não funcionou como esperado ou maquinado: nem enfraqueceu o partido nem evitou a candidatura.
Pelo contrário. O candidato não apenas se impôs internamente como garantiu o apoio da Direção Estadual, da Nacional e, de quebra, armou um lance decisivo – a tabelinha com Luciano Agra – que o levou ao topo da preferência do eleitorado.
No dia 29 de junho, com direito à presença de Rui Falcão, presidente nacional do partido, Luciano Cartaxo foi, enfim, sagrado candidato do seu partido a prefeito de João Pessoa. Desde então, só fez subir nas pesquisas e hoje tem tudo para se transformar no primeiro petista a governar a Capital do Estado.
Em todas as faixas e classes
Pesquisas sobre intenção de voto contratadas por este Jornal mostram que o nome de Luciano Cartaxo é o preferido dos homens e das mulheres, dos mais novos e dos mais velhos, dos menos e dos mais instruídos, dos mais pobres e mais abonados.
Se pegarmos, por exemplo, a última do Ipespe (Luciano 52%, Cícero 27%), realizada entre os dias 15 e 17 deste mês, veremos que o petista detém 51% das intenções de voto dos homens e 52% das mulheres, contra 28% e 27% do oponente.
Já entre os eleitores mais jovens, de 16 a 24 anos de idade, Luciano sobe para 58% e Cícero chega a 24%. Na faixa de 25 a 44 anos, a diferença pró-Luciano cai para 22 pontos: 52 a 30%. Entre os ‘coroas’, o petista fica com 47% e o tucano, com 27%.
Quando se trata de escolaridade do eleitor, Luciano vai de 46% (até a 4ª série do Ensino Fundamental) a 55% (universitários), enquanto Cícero faz o caminho inverso: ele começa com 31% no fundamental e termina com 23% no nível superior.
Desempenho semelhante os candidatos mantêm quando o Ipespe apura o que acontece nas faixas de renda. Luciano vai de 41% entre os que ganham até um salário mínimo a 61% (remuneração superior a dois salários mínimos). Cícero crava 37% entre os que ganham menos e cai para 21% entre os que ganham mais.
As pesquisas finais do 2º turno
Este Jornal da Paraíba deve divulgar amanhã os resultados das últimas pesquisas Ipespe e Ibope sobre intenções de voto no segundo turno em João Pessoa e em Campina Grande.
São as mais esperadas por todos, de candidato a eleitor. Porque são as pesquisas mais acreditadas, queiram ou não os desqualificadores contumazes, que em geral encontram-se entre os mais afetados por notórias e irreversíveis adversidades eleitorais.