Os primeiros efeitos da primeira bomba!

Gilvan Freire

A cada denúncia cabeluda de improbidade contra figuras coroadas da administração pública do Estado e da prefeitura da Capital – os dois níveis de governo de maior projeção -, a reação dos envolvidos é a mesma: ou culpam o denunciante, ou silenciam diante dos escândalos, mas escolhem antes o melhor caminho: fazer com que os fatos morram a falta de divulgação, pois haverá sempre um setor da imprensa disposto a vender esse favor, quando não participar da defesa botando a mão na botija estourada.

A coisa é tão acintosa e escancarada que já se sabe por antecipação, no Estado, quem não vai noticiar a roubalheira fisgada nas aratacas da Policia Federal ou do Ministério Público e quais são os atores encarregados de promover e repercutir a defesa dos gatunos. É um desavergonhamento sem limites e muito aquém e abaixo da linha de pobreza moral tolerável por uma sociedade civilizada.

Nesse caso do ‘Gilbergate’, a bomba de ácido sulfídrico (um gás, com odor de ovos podres,tipo gás intestinal) estourada pelos destemidos e honestos promotores Ádrio Nobre e Rodrigo Pires de Sá, os fatos foram rigorosamente apurados através de uma investigação que resultou em 19 volumes de processos, uma montanha de documentos e informações irrefutáveis, sem contar que os réus da ação exerceram o direito de defesa plenamente na fase investigatória.

20ENCERRADAS AS INVESTIGAÇÕES e remetida ao Judiciário a correspondente Ação Civil Pública de Responsabilização por Ato de Improbidade, objetivando ressarcir os enormes prejuízos financeiros e morais causados à administração pública e ao povo, por extensão, ninguém dentre os acusados levantou a voz e gritou: “eu sou inocente, não aceito isso contra a minha honra, minha reputação e minha dignidade!“. Parecem réus confessos, humilhados pela tragédia da desventura moral e da alienação da honra a troco de propinas. Só um deles, tido como chefe, veio à baia e mentiu para encobrir sua arruinadora culpa. Disse que a denúncia era obra de um ex-empregado da Desk, a empresa-mãe desse submundo da criminalidade pública que compra e vende servidores públicos mais que materiais escolares. O chefe tentou confundir a opinião pública para fugir da fedentina que apodreceu seus paletós de serviço: o Sr. Rodolfo Pinheiro nunca foi empregado da Desk. Além do mais, o procurador Gilberto Carneiro (que também pertence aos quadros administrativos do Ministério Público da Paraíba), está sendo réu em Ação promovida pela sua Instituição, que não aceitou ser conivente com a corrupção desenfreada que enlameia a Paraíba hoje, e não réu de demanda promovida pelo Sr. Rodolfo Pinheiro.

Vamos esperar mais um dia para saber quem mais está chocado com esse surto pesticida de ladroagem que infelicita os nossos costumes e destrói as esperanças da sociedade numa administração pública livre de roedores organizados em bandos. A partir de amanhã direi os detalhes das operações criminosas que estupraram os cofres do município de João Pessoa, de 2008 a 2010, entrando em 2011. Esperem. Ainda teremos grandiosas bombas logo a frente.