Os milagres de Francisco

Marcos Tavares

Não é o Papa, ainda no terreno dos mortais, e, portanto, sem milagres. Refiro-me ao São Francisco, digo, melhor, à transposição de águas do São Francisco, promessa petista acalentada desde o Governo Lula e que vem se arrastando com Dilma. Essas águas são esperadas como salvadoras e redentoras, mas eu tenho minhas dúvidas se apenas a chegada da água, tão rara por aqui, vai ter o condão de criar um novo

Nordeste e afastar do semiárido de uma vez por todas os fantasmas da seca, da fome e da miséria que convivem na região desde o tempo colonial.

Às margens do São Francisco, em Minas Gerais e na Bahia, existe um cinturão de miséria, gente abaixo da linha da pobreza que vive da pesca e da agricultura de subsistência e que pouco ou quase nada tem do rio como seu. E então? Esse São Francisco que faz milagres nem nas Minas nem no rincão baiano vai fazer esse milagre por aqui. Vai tornar o sertão uma terra promissora como no romance de São Saruê, com rios de mel e montanhas de cuscuz? Tenho minhas sérias desconfianças de que nada disso vai acontecer.

Mais do que água, precisamos de tecnologia para seu manejo, culturas identificadas com a área, irrigação, pois não adianta ter água na porta se ela não chega à lavoura e, sobretudo, uma divisão justa dessas águas, para que os grandes produtores não acabem sendo os grandes beneficiados numa coisa pensada e projetada para os mais pobres. São coisas que terão de ser resolvidas antes que o primeiro fio de água do Velho Chico chegue à nossa terra, mas coisas que podem ser discutidas vagarosamente, tão vagarosamente como as obras dessa tal transposição.

Simbologia

A bizantina discussão sobre a caveira nos uniformes policiais parece que vai ganhar fôlego depois que a revista Veja decidiu levar o caso à mídia nacional.

10A iniciativa do deputado Luiz Couto desagradou à tropa, que via com carinho a imagem da caveira em seus uniformes, por mais bizarro que isso possa aparecer.

Símbolos são sinônimos de desejo e de propostas. Uma caveira no emblema não pode sugerir nada mais que morte, execuções, chacinas. Por isso mesmo, ela também era usada com orgulho pelos membros da SS de Hitler.

Chamada

O presidente do PEN, deputado Ricardo Marcelo, foi duro contra os que permanecem na legenda sob o signo da independência e votam nas matérias de interesse do Governo sempre que isso lhes é vantajoso.

Marcelo quer o partido não numa oposição cega, mas igualmente não quer que o PEN seja mais uma legenda maleável nas mãos do Governo.

Ou seja. Ele quer a independência do partido não dos seus afiliados.

Mobilidade

Com a colocação da guia delimitando a ciclovia, os cadeirantes não podem mais descer dos carros para a cadeira como faziam normalmente.

É a imobilidade urbana.

Mutante