Rubens Nóbrega

Nem só do Judiciário vivem os TQQs da vida. Se você reparar bem vai encontrar folgados e relapsos que só trabalham dois ou três dias por semana – e olhe lá! – em todos os poderes, instituições e segmentos profissionais, tanto na esfera pública como na instância privada.

Saiba, por exemplo, que esses malas também grassam entre os médicos e foram perfeitamente conceituados e identificados em oportuno artigo do Doutor Eurípedes Mendonça encaminhado à publicação no próximo número do Jornal do Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB).

Tive a sorte do acesso antecipado ao texto daquele exemplar profissional, reverenciado Professor da UFPB, que trabalha e muito em prol da categoria, da saúde pública e por uma medicina de qualidade, tarefas a que se entrega cotidiana e abnegadamente como Diretor de Fiscalização do CRM.

Pois bem, em seu escrito, o Doutor Eurípedes cuida do Médico TQ, “aquele que só comparece ao trabalho em apenas dois dias e por algumas horas”. Para ilustrar, lembra o caso de alguns médicos do antigo Inamps “que tiravam a cadeira do paciente do consultório para o mesmo ficar desconfortável e não demorar muito na consulta”.

Conta também passagens de outros malandros que aguardavam o paciente já com receitas que mais pareciam formulários ou carimbos, através dos quais prescreviam indefectíveis analgésicos e nos quais só faziam preencher o nome da vítima da vez.

“Era só o paciente dizer que tinha dor que o doutor imediatamente completava a receita com a data e nome do paciente e mandava-o tomar a medicação. A anamnese era essa enganação e não havia exame físico. Sem diagnóstico possível, era assim que o dinheiro público corria para o ralo”, relata Eurípedes.

O articulista acredita, contudo, que a malandragem está com os dias contados, porque Ministério da Saúde e Controladoria Geral da União (CGU) começaram a enquadrar médicos que não cumprem jornada de trabalho. Editaram normas que tornam a fiscalização mais rigorosa e as punições aos recalcitrantes, mais severas.

 

TQQs no Legislativo

Os maiores TQQs de que tenho conhecimento estão em nossos parlamentos, das câmaras municipais ao Senado Federal. Discordando da minha constatação alguns devem dizer que vereador, deputado e senador não limitam o seu trabalho ao plenário, que ralam também nas comissões, visitam as bases e comparecem a solenidades e atos públicos nos quais lhes exigem a presença.

Evidente que esses formam a maioria. Acredito nisso e torço para que a minha ideia corresponda aos fatos. É certa, contudo, a existência de um bando de vagabundos que trai diariamente seus eleitores, recebe imerecidamente altos salários e desfruta de mordomias absolutamente imorais.

Imoralidade que cresce ainda mais diante da miséria em que vive a maior parte do eleitorado que votou nessa corja. Imoralidade que vai o paroxismo quando todos, indistintamente, não se pejam de receber verbas adicionais a título de 14º e 15º salários por serviços e dedicação que jamais prestaram ao município, ao Estado ou ao país.