Os estilhaços e a bomba mortal

Gilvan Freire

Se saberá em poucos dias quem do grupo do ‘Gilbergate’, como está sendo chamado o escândalo da Desk, detonado pelo Ministério Público da Paraíba através de Ação Civil ajuizada perante a 2ª Vara da Fazenda da Capital, vai protestar inocência e reagir às gravíssimas acusações de improbidade feitas contra os 13 servidores e as duas empresas fraudatárias. Quem é inocente e tem dignidade não aceita ser incriminado de forma tão destrutiva e nem enlameado e enxovalhado em sua honra ou suposta honra, a não ser que tenha realmente praticado esses atos desabonadores. Mas é possível que alguém possa ter sido usado por outrem na perpetração dos crimes praticados em desfavor do Erário por uma verdadeira quadrilha instalada nos postos-chaves da administração pública da Capital entre 2008 a 2010, adentrando na gestão de Luciano Agra, em 2011.

Tomara que os malfeitores reajam e desqualifiquem os promotores, autores da ação, para que eles possam urgênciar as demais apurações que estão em curso objetivando apurar crimes ainda mais graves que vêm sendo cometidos dentro da atual administração da Paraíba, envolvendo muitos dos desmandados em outras operações de Modus operandi semelhante mas tendo por alvo compra de livros e materiais da área de saúde, inclusive nos escarninhos do Hospital de Trauma e seus apêndices e agregados. Se as coisas andarem pelo lado da Polícia Federal e do Ministério Público, algumas pessoas serão presas e o governo logo termina atolado na própria lama.

No caso da Desk, uma organização periculosa que arromba os cofres públicos sem dinamites mas em conluio com os que guardam suas chaves, só nos inquéritos já concluídos a tramóia alcançou a importância de R$ 8.832,886,90, dividido entre três secretarias da maquina municipal, todas agindo sob a orientação do Sr. Gilberto Carneiro, homem da mais absoluta confiança e intimidade do governador Ricardo Coutinho, de quem hoje é chefe da Procuradoria Geral.

Na parte expositiva da petição do MP, ainda sem adentrar nas particularidades das investigações, o MP esclarece, em principio: “De logo é importante destacar que as empresas Demandadas pertencem ao mesmo grupo familiar, tanto assim que os contratos objurgados são confeccionados, todos, tendo a demandada Fabíola Bazhunni Maia Vassalo como representante legal de ambas as firmas. Também os produtos fornecidos são os mesmo, ou seja, a fabricante e detentora da marca é a DESK – Móveis Escolares e Produtos de Plásticos Ltda, enquanto a empresa DELTA Produtos e Serviços Ltda. comercializa o produto marca DESK.

Como se verifica da prova documental coletada, todos os contratos e despesas acima relacionadas foram entabuladas a partir de adesões a atas de Registro de Preço diversas, sendo adquirido mobiliário para equipar os mais variados órgãos públicos, totalizando, dispêndios da ordem de R$ 8.832,886,90 (oito milhões, oitocentos e trinta de dois mil, oitocentos e oitenta e seis reais e noventa centavos).”

Por enquanto, ainda não se fala noutros figurões próximos ao núcleo delinquencial, mas todos virão à tona. Amanhã tem mais.