Embora o objetivo da ação do MP-RJ seja atacar a milícia que explora o ramo imobiliário ilegal em Rio das Pedras com ações violentas e assassinatos, há indícios de que dois dos alvos de prisão comandem o Escritório do Crime, braço armado da organização, especializado em assassinatos por encomenda. Os principais clientes do grupo de matadores profissionais são contraventores e políticos. Há uma suspeita de que eles estejam envolvidos no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes.Na ação, foram detidos Maurício Silva da Costa, o Maurição, da associação de moradores de Rio das Pedras, e o major da Polícia Militar Ronald Paulo Alves Pereira. O oficial da PM mora no condomínio de luxo Floresta Country Club, na Estrada do Bouganville 442.
A operação é resultado de seis meses de investigação conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e pela 23ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal. A denúncia, com os pedidos de prisão, busca e apreensão, foi distribuída para o 4º Tribunal do Júri da Capital.
A denúncia do MP aponta a milícia de Rio das Pedras como a responsável pela extorsão de moradores e comerciantes da região com cobranças ilegais de taxas referentes a “serviços” prestados. O grupo também oculta bens adquiridos com proventos das atividades ilícitas e falsifica documentos públicos. Para conseguir a regularização dos imóveis ilegais, o grupo montou uma estrutura hierarquizada. Cada integrante da quadrilha tem uma função. Há, por exemplo, contador e até despachantes para o pagamento de propina para agentes públicos. Até então, todas as operações policiais contra a milícia de Rio das Pedras haviam excluído os chefes da organização.
Os suspeitos foram denunciados ainda por praticar agiotagem e utilizar ligações clandestinas de água e energia, além de manter a exploração das atividades típicas das milícias para o domínio territorial: cobrança por serviços de TV a cabo (“gatonet”), gás, taxas de proteção de comerciantes e moradores e transporte alternativo. O Ministério Público do Rio constatou que nenhuma ação é feita sem o comando ou autorização dos denunciados.