Paulo Santos
Em cerca de 20 anos o prefeito eleito de Campina Grande, Romero Rodrigues, cumpriu uma trajetória ascendente na política paraibana que começou com vários mandatos de vereador, passou pela Assembleia Legislativa, pela Câmara dos Deputados e chega ao Palácio do Bispo com uma montanha de votos inimaginável para os mortais comuns.
É bom ficar de olho em Romero. Essa caminhada de duas décadas foi feita com o máximo de discrição, com as preliminares longe dos holofotes da mídia, revelando seus olhos de águia para ver onde estavam os votos e amealhar vitórias como a de deputado federal quase em cima da hora.
Romero vem lentamente mudando os hábitos políticos com atitudes diferentes da maioria. Tem estimulado, por exemplo, a transparência na relação com os atuais mandatários da Prefeitura e delegando poder de discussão para alguns mais próximos a fim de saber como funciona a “máquina” municipal campinense.
O vice-prefeito Ronaldo da Cunha Lima Filho, por exemplo, recebeu delegação para discutir do turismo e das festas. Ele é um dos empreendedores no ramo do entretenimento com grandes shows e conhece a fundo os caminhos para que Campina volte a brilhar nesse segmento, sobretudo pela rivalidade com Caruaru (PE).
O prefeito eleito também vem assumindo publicamente a disposição de cortar os cargos comissionados em 50%. Esse é um ponto sensível pois machuca diretamente a parte mais sensível do corpo, que é o bolso. Só esse corte, entretanto, é pouco. Devem existir outros ralos, menos humanos, por onde se esvai a verba pública e, mesmo sem culpa do alcaide de plantão, sangram os cofres públicos.
Não se pode – nem se deve – discutir a expectativa de probidade de Romero nesse início de exercício do cargo, pois é de 100%. O que estará em observação, contudo, será seu nível de eficiência, o que também acontece com o petista Luciano Cartaxo em João Pessoa. O prefeito campinense, contudo, é de outra linhagem, bem mais próxima do clã Cunha Lima com o anteparo de Cássio, a maior liderança política do Estado.
O vestibular como prefeito de Campina Grande é um dos mais importantes na Paraíba, especialmente para o clã em questão. Ronaldo e Cássio Cunha Lima são exemplos. Que o diga também o adversário Veneziano Vital, tido e havido como o ungido para disputar o Governo de 2014 pelo PMDB.
TROCO A GERVÁZIO
Ninguém se admire se, dentro de algum tempo, o Palácio da Redenção cobrir de novos mimos o deputado peemedebista Márcio Roberto, que atua EM São Bento, com investidas em Catolé do Rocha. Seria a forma sutil de dar o troco ao sempre crítico Gervázio Filho, bastante assoberbado com a crise interna do PMDB. Um socialista cascudo fazia conjecturas, neste fim de semana, num ambiente onde só se respira política na Capital.
CARAVANA DA SECA
Ainda está em tempo dos competentes companheiros Gilson Souto Maior e Paulo Pena, que comandam a TV Assembleia, providenciarem material (imagem e áudio) por onde passar a Caravana da Seca e produzir um documentário da melhor qualidade. É provável que isso já esteja nos planos, mas tornará “prego batido, ponta virada” na hora de justificar a utilidade dessa iniciativa do presidente da Casa, Ricardo Marcelo, inclusive com cópias para as TVs Senado e Câmara.
FUTEBOL & ECONOMIA
Já está passando da hora do Governo do Estado – se tem alguém que saiba o que é isso – chamar a Federação Paraibana de Futebol e explicar-lhe que há algo mais no ar do que os lucrativos negócios de material esportivo. É preciso que alguém mostre a relação direta entre esporte – sobretudo o futebol – e o processo econômico. Um canal de TV paga transmitindo a decisão da Série “C” entre Oeste (SP) X Icasa (CE) num sábado à tarde era algo impensável até poucos anos atrás. O Icasa, aliás, é de Juazeiro do Norte, terra do Padim Ciço, mas assim mesmo foi vice-campeão, perdendo a “final” por dois a zero.