O ex-executivo da Odebrecht Benedicto Júnior disse que a empreiteira usou o Grupo Petrópolis, da cervejaria Itaipava, para doar R$ 40 milhões a campanhas de partidos da base da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer em 2014, segundo relatos obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo.
O empreiteiro Marcelo Odebrecht também afirmou que a Itaipava foi usada como “laranja” pela Odebrecht para fazer doações oficiais.
Benedicto Júnior depôs nesta quinta-feira, 2, à Justiça Eleitoral, na ação que apura abuso de poder econômico pela chapa Dilma-Temer.
O depoimento de Marcelo Odebrecht na mesma ação foi prestado anteontem. Na audiência de ontem, Benedicto Júnior, o BJ, não detalhou a discriminação do repasse de R$ 40 milhões às campanhas.
Ex-presidente da construtora Odebrecht, Benedicto Júnior disse que usava as empresas do Grupo Petrópolis porque o grupo Odebrecht não queria ser listado como a maior doadora a políticos.
Já Marcelo Odebrecht afirmou que “usava muito” a Itaipava para fazer doações eleitorais sem que o nome da empreiteira se tornasse público e, depois, “procurava um jeito” de reembolsar a cervejaria.
Em dezembro, o Estado revelou que a Odebrecht detalhou no acordo de delação como as empresas dos donos da cervejaria eram usadas pela empreiteira para distribuir dinheiro a políticos por meio de doações e entregas de dinheiro em espécie.
Um dos delatores da Odebrecht mencionou que a empreiteira depositou ao menos R$ 100 milhões em uma conta operada pelo contador do Grupo Petrópolis em banco no exterior e construiu fábricas para a cervejaria em troca da disponibilidade de dinheiro no Brasil em doações eleitorais e também pagamentos de propina.
Planilhas. Em março do ano passado, foram encontradas planilhas na casa de BJ que mostravam a ligação da empreiteira com a cervejaria.
Os números apontavam que doações por intermédio da Itaipava teriam superado R$ 30 milhões a 13 partidos, entre eles PT, PMDB e PSDB.
Quando o conteúdo das planilhas foi revelado, políticos citados nas listas como beneficiários de doações negaram ter recebido recursos de forma irregular da Odebrecht.
Ao justificar as doações da empreiteira, no entanto, alguns deles, como o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), o ex-ministro da Educação Aloizio Mercadante (PT) e o hoje ministro da Cultura, Roberto Freire (PPS), apresentaram recibos de doações oficiais em nome das empresas Leyroz de Caxias ou da Praiamar, ligadas ao Grupo Petrópolis.
Em dezembro, quando negociavam o acordo de colaboração com a Justiça, executivos e ex-executivos da Odebrecht prometeram entregar mais planilhas das contribuições eleitorais executadas pelo Grupo Petrópolis.
Naquele momento, a Lava Jato já havia identificado que executivos ligados à Odebrecht e o grupo eram sócios no banco Meinl Bank Antígua, usado pela empreiteira baiana, segundo as investigações, para operar propina.
Fonte: Exame.com