A Polícia Federal encontrou indícios de que a construtora Odebrecht repassou R$ 4 milhões ao marqueteiro João Santana durante a campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff, em 2014. Agora, a força tarefa da Lava-Jato investiga se o dinheiro saiu de contratos da Petrobras.
A planilha com o título “Feira-evento 14” foi encontrada na casa de Maria Lucia Tavares, funcionária da Odebrecht presa preventivamente na última segunda-feira. Na planilha, ela detalha sete pagamentos, que totalizam R$ 4 milhões, realizados pela construtora entre 24 de outubro e 7 de novembro de 2014. A Polícia Federal afirma que “Feira” é o codinome usado por funcionários da Odebrecht e o próprio ex-presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, para identificar o marqueteiro do PT.
Os investigadores encontraram ainda bilhetes em um caderno apreendido com a funcionária da Odebrecht com recados escritos por Mônica Moura, mulher do publicitário que também está presa em Curitiba. Em um deles, Mônica indica os seus telefones pessoais. No outro, a publicitária informa locais e horários onde poderia ser encontrada.
“Chama a atenção, nos dois casos, as referências a horários, o que pode indicar que a emitente aguardasse algo a ser recebido, que poderiam certamente tratar-se dos ‘acarajés’, especialidade de Maria Lúcia”, afirmou a PF em relatório entre à Justiça nesta sexta-feira. Segundo a investigação, acarajé era o nome dado a dinheiro em espécie.
De acordo com a Polícia Federal, o publicitário, que está preso desde terça-feira em Curitiba, pode ter recebido mais R$ 20 milhões da empreiteira, o que totalizaria R$ 24 milhões.
Em depoimento à PF, João Santana e Mônica Moura negaram terem recebidos valores não contabilizados de campanhas eleitorais brasileiras. Os dois confirmaram, porém, que receberam dinheiro de caixa 2 no exterior de campanhas eleitorais na Venezuela, República Dominicana e Angola.
Nesta sexta-feira, a PF pediu a renovação das prisões temporárias de João Santana, Mônica Moura e Maria Lúcia Tavares. Para a Lava-Jato, há indícios fortes de que João Santana tenha recebido recursos de contratos celebrados entre a Odebrecht e a Petrobras.
Fonte: O GLobo