Marcos Marinho

O vice-prefeito de Campina Grande, Ronaldo Cunha Lima Filho, o ‘Ronaldinho’ que a cidade pouco conhecia e ele idem, é um rapaz extremamente inteligente e porta-se com uma desenvoltura espetacular, tanto na fala quanto no modo de viver.

Há quem já diga que tem mais do pai que o irmão Cássio, cujas características pessoais se assemelham em maior proporção à mãe, que é ‘Rodrigues’ antes de ser também ‘Cunha Lima’.

Ronaldinho fala com a mesma voz do pai; abraça o povo do jeitinho que o pai fazia; come cuscuz com bode, mocotó de boi ou picado de porco na mesma volúpia mostrada outrora pelo pai. E sente-se bem no bar do Genival da mesma maneira que se põe ótimo dentro de um Campina Grill, por exemplo. No modo de vestir, o desbotado tênis e a surrada camiseta caem-lhe bem e as últimas peças que lhe apetecem o desejo parecem ser o formal paletó e a gravata de seda italiana, tão ao gosto do mano senador.

É, por assim dizer, o cara dos extremos: tanto lhe dá gosto sentar no tamborete da casinha de Seu ‘Zé de Xitota’ na ponta de rua quanto aboletar-se no mais confortável sofá dos ‘Robertos Santiagos’ da vida. E é assim que tem conseguido devagarzinho conquistar humildes e abastardos da Rainha da Borborema, a todos surpreendendo.

Só não sei se também costuma fabricar versos de pés quebrados, daqueles que o pai-poeta declamava nos palanques e nas periferias campinenses, para deleite dos seus apaixonados admiradores.

Do que sei mais dele é que é competente. Muito, aliás! No Governo do pai atuou com mão de ferro na poderosa Secretaria de Comunicação Institucional, que tinha no Chefe maior – Deodato Borges – a figura ilustrativa ofuscada ante o talento do primogênito de Ronaldo.

Aqui em Campina Grande seu trabalho tem sido árduo. Ele mesmo conta que acorda mais cedo que antes e tem agenda lotada. De nada reclama, pois foi eleito na chapa do primo para isso mesmo – trabalhar! Se vai ofuscá-lo a partir do carisma exponencial, a história é quem dirá. E até acho que Romero não está nem aí para esse detalhe, siameses que são os seus projetos político-familiares.

Abro assim alargado esse preâmbulo sobre o vice de Campina porque ontem deparei-me com uma declaração dele, a título de esclarecimento para a mídia, que me deixou de orelha ereta.

O cara é sábio, já se disse e suas manifestações confirmam. Mas sabedoria demais é excesso, óbviamente.

Excesso é ruim e destrói reputações. Destrói vidas, até. E mancha histórias. E um jovem empreendedor como o é Ronaldinho não vai de forma alguma querer isso para afixar no currículo.

Pois muito bem. Ontem, Ronaldinho disse que a retirada de placas no ISEA e em outros próprios públicos que continham identificações da gestão de Veneziano foi um ato correto. A nova equipe desgarrou-as das paredes para dar um lustre legal. As placas estavam “deterioradas”, segundo a versão sábia do vice-prefeito.

Entendi que as placas já não mostravam mais os nomes do cabeludo e equipe. As de bronze estariam escurecidas pela ação voraz do tempo, exigindo-se um pouquinho de kaol para retornarem ao brilho da inauguração. As de ferro a ferrugem já as devorava��? E foi por isso, somente por isso jura o vice, que se decidiu por removê-las a fim de que ganhem restauração.

Em palavras mais claras: Ronaldinho Cunha Lima e toda a equipe do primo Romero-prefeito estão preocupadíssimos com eventual desgaste que proporcionaram ao ex e agora, genuflexos pela dor do arrependimento, querem devolver ao cabeludo o brilho que as placas lhe deram e que eles não têm o direito jamais de retirar.

Foi, por assim dizer, uma AÇÃO DE GOVERNO.

Me engana, que eu gosto, ouvi isso hoje lá no Beco do Califon!