O que ninguém divulgou da convenção do PSDB

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Júnior Gurgel

DESAPONTAMENTO – Pouco mais de quatrocentas pessoas prestigiaram a Convenção Estadual do PSDB, que elegeu sua nova diretoria após uma década nas mãos do senador Cícero Lucena. Minúsculo auditório com 242 assentos só lotou após as 11 horas, quando se iniciaram os discursos.
CÁSSIO – Senador Cássio Cunha Lima chegou ao recinto por volta das 10 horas. Cercado por alguns “admiradores de sempre”, olhava angustiado em direção à porta, temendo não lotar o pequeno recinto.

Compartilhamos da mesma ansiedade… Um fiasco vexatório é algo que não se deseja sequer a um inimigo. Cássio é campinense, Deputado Federal por duas vezes, Prefeito em três ocasiões e Governador do Estado eleito e reeleito. Um dos orgulhos da Rainha da Borborema, independentemente das questões locais (paroquianas). Para o alívio de todos, os “ônibus” chegaram. A clientelista periférica era pura vibração…

AUSÊNCIAS – Dos dez Secretários de Estado e inúmeros outros cargos comissionados de terceiro escalão do Governo do Estado – indicados pela cúpula tucana comandada pelo Senador Cunha Lima – apenas um apareceu: Gustavo Nogueira (Planejamento). Mesmo assim, distante da “mesa” – discretamente despercebido – só identificado no discurso de Cássio.

AUSÊNCIAS MARCANTES- Do vice-governador Rômulo Gouveia – mesmo não sendo filiado ao Partido – poderia ter participado do evento como aliado. Dos Deputados Manoel Ludgério, Eva Gouveia; Guilherme Almeida… Os “lendários” Mário Araújo, Eraldo César; Manoel Barbosa… Até o Professor José Lucas – Ronaldista histórico – gazeteou a “convocação”. Vereadores seguidores do Clã Cunha Lima, além de Bruno e Lula Cabral, não enxergamos outros, como por exemplo, João Dantas. Podem até terem marcado suas presenças, mas, antes das 10 horas, horário que chegamos ao local do encontro.

MÍDIA – Comparecimento maciço dos profissionais da Capital, Campina Grande e restante do Estado. Só este “batalhão” representava no mínimo, 20% do público. Alguns ex-prefeitos e acompanhantes…

Dinaldo Wanderley (Patos); Cícero Lucena; Rui Carneiro e João Gonçalves (JP); até da longínqua Itaporanga, Djací Brasileiro. Do PSB, só Adriano Galdino. Cássio Cunha Lima elogiou Fabiano Gomes, em nome do qual saudou a todos da categoria (?).

MESA DOS TRABALHOS – Treze pessoas ocupavam a mesa dos trabalhos, dos quais sete da família Cunha Lima: Cássio, Ivandro; Ronaldo Filho; Bruno; Pedro; Romero Rodrigues e Tovar Correia Lima (os dois últimos, contraparentes). Evidente que não entraremos no tema “oligarquia”, pratica comum da região Nordeste. Todavia, ficou nítida a impressão de uma reunião familiar.

REAÇÃO – Nada acontece por acaso… No dia anterior – sexta-feira à noite – o Governador Ricardo Coutinho esteve em Campina Grande, onde participou de mais uma plenária do “Orçamento Democrático”. Todos os que faltaram na convenção de Cássio (cargos comissionados), estavam no bairro José Pinheiro ouvindo o Governador e sua equipe. Público inclusive bem maior. Alguém passou a senha de “alerta”, para boicotar o evento tucano. Como todos temem o “poder” da caneta de Ricardo Coutinho, se furtaram em prestigiar Cássio. Velho amigo Agassiz Uchoa Guerra (Guerrinha), tinha razão: a ralé que matou Cristo é a mesma de hoje, e sempre.

PLENÁRIA – Sem o menor pudor, e com o mais completo desrespeito (acintoso) a cidade de Campina Grande, o Governador Ricardo Coutinho distribuiu folders, mostrando dentre outras realizações, a urbanização do açude de Bodocongó. Até foto com calçadão e palmeiras foi exibida na peça publicitária.

Estamos no terceiro ano do Governo do PSB. Em duas ocasiões – aniversário da cidade – o Governador assinou contrato e ordem de serviço para o início das obras. Quem mora em Campina Grande, sabe que por lá (Bodocongó) nunca chegou sequer um agrimensor, ou retroescavadeira para desassociar a área.

Aliás, Vice-Governador Rômulo Gouveia, em entrevista que nos concedeu na Rádio Cariri, ao lado de Dagoberto Pontes e Marcos Marinho reiterou que nunca havia sido assinada uma ordem de serviço para as obras de Bodocongó.

QUEDA DE BRAÇO – Ricardo Coutinho mostrou a força que tem o Estado: “patrolou” o tucano aliado de 2010, que o pôs no Palácio da Redenção. Cássio deve ter sentido o grau de “solidariedade” de seus seguidores. Encurralado, aguarda fato marcante para anunciar seu rompimento. No nosso humilde ponto de vista, talvez seja tarde demais… Corre o risco de não polarizar a disputa. A gravidade do ato foi tão expressiva, que um dos ausentes na Convenção, Renato Cunha Lima (tio de Cássio), não esconde sua alegria de ter contratos na ordem de 200 milhões de reais com o Estado, para realização de obras da gestão socialista. “Teu coração está, onde está o teu tesouro”.

DESACERTOS – Chocados com a surpresa, quem discursava para públicos estimados em no mínimo três mil pessoas (contingente previsível para estes eventos desde 1982), perdeu a inspiração, que foi trocada pelo improviso rápido, temendo esvaziamento do microambiente. Vice-Prefeito Ronaldo Filho falou cerca de três minutos, dizendo que estava representando Ivandro. Estranhamente, Ivandro estava ao lado deste e de seu neto, Vereador Bruno Cunha Lima.

RITMO – Réplica do “samba do crioulo doido”, Bruno Cunha Lima falou como representante da juventude de Campina Grande, e se dirigindo a mesma, cuja presença pode ter sido virtual ou via internet. O mais jovem dos presentes, era o próprio Bruno. Prefeito Romero Rodrigues (exceto Cássio) foi o mais sincero dos oradores: convidou os visitantes (maioria das quatrocentas pessoas) a visitarem Campina Grande por ocasião do “Maior São João do Mundo”. Confessou “aperto” financeiro com as quedas constantes do FPM – Fundo de Participação dos Municípios. Mas, não mencionou o ICMS (imposto estadual), nem as parcerias firmadas com o Governador Ricardo Coutinho (?).

EMBUSTE – Zenóbio Toscano fez apenas uma rápida saudação, lembrando que Dinaldo Wanderley estava na mesa. E Rui Carneiro lançou Aécio Neves para Presidência da República. Feio mesmo foi a mentira do Senador Cícero Lucena… Falou sobre a seca, os projetos e as preocupações de Cássio – quando governador – com os efeitos deste flagelo. Que foi a partir da gestão de Ronaldo Cunha Lima, do qual foi Vice, que a Paraíba tinha despertado para a tragédia provocada pelos efeitos das estiagens prolongadas. Cícero esqueceu que no auditório estava presente, ninguém menos que José Silvino Sobrinho, que construiu mais de 250 barragens nos Governos Buriti I e Wilson Braga (Projeto Canaã).

Que Cássio não construiu um único “barreiro” em seus sete anos de Governo. E Ronaldo Cunha Lima apenas concluiu duas barragens, iniciadas pelo Projeto Canaã. A única verdade de sua “fala” se restringiu a descrever a trajetória política (vitoriosa) de Cássio, e lançá-lo com um “quiçá”, futuro candidato ao Governo do Estado.

ENCERRAMENTO – Apressando o final da fatídica convenção, Cássio se antecipou para encerrar o evento, dispensando os “versos” de Pedro, herdeiro (neto) do poeta Ronaldo. Não discursou…

Conversou com os presentes, “batendo” em Dilma Rousseff e no Governo do PT. Criticou a forma “leonina” do Pacto Federativo, através das transferências Constitucionais, muito aquém dos custos das máquinas públicas: Estados e Municípios. Citou o nome de seu rival Vital Filho por quatro vezes, ressaltando a luta que travaram juntos, para evitarem a alíquota única do ICMS, para acabar com a “guerra fiscal” entre os Estados, na concessão de Incentivos Fiscais, para atraírem investimentos.

Emocionou-se quando falou da ausência do saudoso poeta, e de forma determinante reconheceu o tamanho da convenção: “encontros e reuniões como esta, devem se repetir em todo o Estado, para que o PSDB esteja pressente em todos os municípios da Paraíba (?)”.

PERDAS – Nas últimas edições do programa radiofônico “Em Nome do Povo”, comentamos ao lado dos companheiros Dagoberto Pontes e Marcos Marinho, as perdas irreparáveis do PSDB. Rômulo Gouveia, Ricardo Marcelo (levou quase todos os Deputados Estaduais para o PEN); Ricardo Barbosa; O TCE engessou Nominando Diniz, Fábio Nogueira e Arthur Cunha Lima. Na espinha dorsal da Paraíba, Cabedelo. João Pessoa; Bayeux; Santa Rita; Campina Grande; Patos; Pombal; Sousa e Cajazeiras o PSDB conta apenas com Campina Grande. Poucos “quartéis”, para alojar um grande “exército”, necessário para uma disputa pelo Governo do Estado.