Rubens Nóbrega

Quando conseguiu destravar o Centro de Convenções de Jacarapé no TCU (Tribunal de Contas da União), entre o final de 2009 e começo de 2010, o Maranhão III orçou toda a obra em R$ 104 milhões.

Imagino que esse valor tenha sido determinante para o TCU tirar o CC da sua lista de obras malcheirosas. Afinal, o travamento deu-se justamente por conta de sobrepreço que o Tribunal encontrou no edital de licitação lançado no Cássio I.

Diante desses números e fatos, causa espanto saber que somente no galpão de exposições que o Ricardus I ‘inaugurou’ domingo último já foram consumidos nada menos que R$ 96 milhões, ou seja, quase 100% do orçamento inicial.

Fiz tais tais observações esta semana no Twitter. Não demorou aparecer alguém em defesa do gasto já realizado pelo atual governo, sob o seguinte argumento: “Ainda não conheço uma obra de engenharia pública ou privada que não estoure o orçamento”.

Evidente que fui à réplica no ato, lembrando que a lei só autorizaria ‘estourar’ o contrato original em 25%, no máximo. “Engano seu”, corrigiu-me depois uma colega tarimbada em licitações. Para obras, disse ela, dá pra aumentar o preço em até 50%. Que festa, hem?

“O problema, minha cara”, disse-lhe, “é que estão anunciando que no final a obra vai ficar por R$ 177 milhões e, nesse caso, passa e muito dos 50% permitidos pela lei”. Ela ouviu calada e calada ficou, mas, pela cara que fez…

De qualquer sorte, para não ter perigo de alguém dizer que não falei em flores, na mesma maratona de tuitadas mandei um especialmente para o @realrcoutinho, que vem a ser a identificação oficial do governador Ricardo Coutinho na mais concorrida rede de interação virtual do mundo.

Reparem que ele usa o ‘real’ para se apresentar à nação tuiteira. Ou seja, não perde mesmo a majestade. Bem, mas apesar de toda a pompa, soberba e circunstância que cercam o governante, ousei questioná-lo nos seguintes termos:

– @realrcoutinho, governo fez aditivo de preço para o Centro de Convenções? Quantos? De quanto? Preciso usar Lei 12.527/11?

Ele não respondeu, pra variar. Aliás, nunca responde aos meus questionamentos ou pedidos de esclarecimentos, seja no microblog que frequenta, seja por

i-meio. Eis por que perguntei se precisaria recorrer à Lei 12.527/11.

Essa lei é aquela que diz, entre coisas, ser dever do Estado “garantir o direito (fundamental) de acesso à informação, que será franqueada, mediante procedimentos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão”.

Besteira, dirão muitos, acrescentando a inevitável pergunta que mais afirma do que questiona: “Afinal, o que é uma lei ou de que vale uma lei diante de um Ricardo Coutinho?”.

Ô povo criativo!

Dácio Lacerda: “Caro Rubens, o governador Ricardo conseguiu se superar! Criou duas novas modalidades de inauguração de obra: 1) inauguração de obra já inaugurada; 2) inauguração de obra inacabada”.


Ópera do ‘mensalão’

Falei ontem da ‘pedra cantada’ que seria o voto condenatório (ou homologatório de condenação) do ministro Peluso, no ‘julgamento’ do ‘mensalão’.
O amigo Guto Carvalho não deixou passar e branco e mandou contraponto de refinada ironia sobre votos absolventes, assim:
– Rubão, desta feita a pedra foi além do cantar e produziu uma certeira ópera de como seriam votos de Dias Tóffoli e Ricardo Lewandowski.
Chamem o ladrão!
Dois dias depois do ce