O pós-operatório

Marcos Tavares

Em dezembro do ano que passou a Polícia Federal realizou a Operação Squadre, que tinha como objetivo prender integrantes de uma quadrilha de matadores. O fato ganhou as manchetes principalmente pelo nome dos envolvidos, policiais de alta patente, agentes da Polícia Civil, funcionários públicos com tentáculos que se suspeitavam, chegavam até a Justiça. O barulho cessou e ninguém nessa santificada Paraíba teve mais notícia de como se desenrola essa operação passada a fase de vibração inicial. Tem alguém preso? Os inquéritos estão sendo instaurados? Os policiais arrolados na operação estão fora de serviço?

É estranho como se faz um silêncio tumular sobre assunto tão importante que envolve a segurança pública e a vida. Um grupo de extermínio não é um crime menor para sumir das páginas e dos noticiários assim tão de repente sem que a sociedade saiba o que foi feito na fase pós-operação, quando a Justiça é quem deveria se pronunciar. Sim, porque não adianta prender se essa prisão não resulta em cadeia, em punição rigorosa, em desmantelamento do bando. Seria como enxugar gelo, uma operação sem fim que apenas exaure as forças e a credibilidade de todo o aparelho policial.

Nossos repórteres policiais parecem que são sazonais. Eles investem toda energia num assunto, mas depois o retiram de pauta como se ele estivesse concluído e a sociedade informada. Ledo engano. Tem gente – eu inclusive – querendo saber o que é feito dessa malta de assassinos, querendo saber se os oficiais estrelados vão para a cadeia, querendo saber até onde iam esses perigosos tentáculos da corrupção policial. Essas coisas devem ser respondidas se os encarregados pela segurança querem dar alguma credibilidade às suas afirmações de que estão trabalhando e que o crime está perdendo a guerra na Paraíba.

Recorrente
O prefeito Luciano Cartaxo já foi mordido pela mosca da Lagoa, desafio eterno de todos que sentaram na cadeira de prefeito da capital.
Encravada no centro da cidade e foco de todo trânsito caótico, terminal de coletivos, a Lagoa é um desafio difícil de ser equacionado sem causar um tumulto na vida urbana.
É bom lembrar que a Lagoa do Parque Sólon de Lucena tem duas reputações perversas. A primeira é não devolver os corpos dos afogados e a segunda é derrubar a pretensão de todo prefeito que tenta intervir no local. Aguardemos…

Desacerto
Faltou afinar a transição na Emlur para que o lixo do réveillon começasse a ser retirado ainda pela madrugada.
O resultado foi uma praia abarrotada de resíduos que pegou mal logo no primeiro dia da nova administração.
Não se pode criticar Agra, que estava de saída, nem Luciano, que estava entrando. Foi um desses desacertos de toda transição, mesmo as mais pacíficas.
Recuerdos

O ex-prefeito Luciano Agra deixa dois presentes indesejáveis na sua partida. O aumento no preço das passagens dos coletivos e um aumento de 6% sobre o IPTU e a Coleta de Lixo.

Pleno
Numa coisa acertou o prefeito Luciano Cartaxo. Ele realizou um culto ecumênico para sua posse com a presença de representantes das religiões afros.
É um costume antigo na política nacional desconhecer os cultos afro-brasileiros como se não existissem.

Mensagem
O governador Coutinho enviou mensagem televisiva de Ano Novo. Mas nem mesmo o espírito festivo fez com que ele esquecesse os problemas.
Falou que teve de contrariar interesses e cortar privilégios.

Juras
Prefeitos eleitos e empossados na terça-feira fizeram suas juras e promessas.
Só que são como as juras de Ano Novo. Acabam-se junto com a fumaça dos fogos.

Caliente
Em Patos, a polícia roubou a cena na posse dos novos vereadores eleitos. O pau cantou e teve de tudo, de agressões verbais a promessas de tapa.
Deve ser o efeito do sol tropical de Patos na cabeça dos vereadores.

Atrasados
As coisas chegam ao Brasil e na Paraíba com décadas de atraso.
A orla de Tambaú está tomada por barracas de hippies cabeludos exibindo seus artesanatos.
Um típico caso de dejá vu.

Frases…

Pesadelo – O despertador é o maior inimigo dos sonhos.
Idade – O problema não é o Ano Novo. São os cheques velhos.
Esperança – No fim do túnel tem outro buraco.